Adriano chegou ao Flamengo para iniciar a terceira passagem pelo clube
em 22 de agosto. Fora de forma, visivelmente acima do peso e ainda em
recuperação da segunda cirurgia no tendão de Aquiles do pé esquerdo,
adotou um discurso otimista em sua apresentação na sala de imprensa do
Ninho do Urubu. Esperava voltar a ser o Imperador e previa a reestreia
com a camisa 10 rubro-negra em um mês. Nada feito. Setenta e cinco dias
depois, ele termina a sua terceira passagem pelo clube ainda como ídolo,
mas pela porta dos fundos. Em má forma, sai sem ter sequer ficado no
banco de reservas em uma partida oficial. O jogador nem compareceu ao
Ninho do Urubu nesta terça-feira. Coube ao diretor de futebol Zinho
explicar a saída do atacante.
- Ele já divulgou que é uma decisão dele, partiu dele se desvincular,
então realmente acho que fica inviável a permanência para este ano. É
bom para ele e para o Flamengo. Encerra isso, o Flamengo está com a
consciência limpa de que fez de tudo pelo Adriano - disse o diretor.
Ao ser perguntado se deixaria as portas abertas para um retorno do
atacante ao Flamengo em 2013, Zinho deixou claro que o clube não conta
com Adriano. O dirigente promete se empenhar na recuperação do atacante,
mas apenas no lado pessoal.
- Eu não vou desistir do Adriano, mas de recuperar o ser humano, é uma
missão minha, particular. Sem os holofotes, sem essa vida que ele leva
que não condiz com a de um atleta profissional, talvez eu possa ter
sucesso para recuperar esse ser humano. Mas, profissionalmente, chegou
no limite. O Adriano realmente não tem o meu apoio como profissional. O
ser humano tem escolhas. Ele está escolhendo errado. A parte
profissional não progride porque ele erra em outras coisas: as
companhias, o encontro com Deus.
O contrato de produtividade, que terminaria em 22 de dezembro, foi
rescindido, algo que o Flamengo já poderia ter feito antes. Conforme
previsto no acordo, três advertências por indisciplina dariam ao clube o
direito de demitir o atacante. Adriano ultrapassou o limite, foi
multado, teve o contrato de imagem suspenso, mas contou com a paciência
do diretor de futebol Zinho, que insistiu na tentativa de recuperação.
Não conseguiu. O jogador prometera não faltar mais e buscar assistência
psicológica, mas não o fez. As sucessivas faltas demoliram a confiança e
a persistência do dirigente em ver Adriano novamente em campo, como um
atleta de alto nível. Com o caso no limite e a falta de compromisso do
jogador, foi preciso recuar.
O golpe que fez Zinho deixar de acreditar no renascimento do Imperador
aconteceu no fim do mês passado, quando Adriano não apareceu na
atividade marcada para as 9h30m de sábado, na Gávea, e comunicou sua
ausência através de SMS, com algumas mensagens desconexas. O clube
definiu a escolha de um psicólogo, chegou a marcar consulta, mas o
atacante não apareceu. A paciência do diretor chegou ao fim, e o
problema foi debatido com a presidente Patricia Amorim. Diante de novo
sumiço na semana passada, o clube decidiu, na última sexta-feira,
desligar Adriano do clube. A nota oficial divulgada pela assessoria do
jogador na segunda-feira precipitou o anúncio do que estava decidido
pela diretoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário