Após a impugnação da sua candidatura à presidência do Flamengo, Wallim
Vasconcellos passou oficialmente o bastão a Eduardo Bandeira de Mello,
em entrevista concedida num flat no Leblon, Zona Sul do Rio, na manhã
desta segunda-feira. Wallim será diretor geral do clube se o grupo
vencer a eleição de 3 de dezembro, com o também impugnado Rodolfo
Landim, que seria o seu vice geral, passando a ocupar a vice-presidência
de patrimônio. Para compor a chapa azul ao lado de Bandeira de Mello,
foi escolhido o desembargador e ex-presidente do Conselho Deliberativo
Walter D’Agostino, antes apontado como candidato à presidência da
Assembleia Geral. Foi apresentado também pelo coordenador da chapa,
Flávio Godinho, um novo modelo de patricínio para a camisa do clube.
Depois de se apresentar como sócio do Flamengo há 34 anos e funcionário
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) há 35,
Eduardo Bandeira de Mello, de 59, explicou que, embora Zico tenha
compromisso com a seleção do Iraque, pretende convencê-lo a participar
diretamente da comissão gestora do futebol. Ele deseja consultar o
ex-jogador em todas as questões relacionadas ao esporte.
- O vice de futebol não podemos anunciar ainda, pois precisamos
conversar com o maior apoiador da nossa chapa. Vamos discutir com ele o
nosso futebol. Vamos convidar para, se possível, ele ser presidente do
comitê gestor do futebol. Ele é a grande inspiração da nossa chapa. Ele
foi o principal jogador do mundo na sua geração. Nasceu com o talento,
mas nunca se acomodou com o talento. É o exemplo que temos de seguir.
Temos tudo para sermos os maiores do mundo. Mas não fizemos como o Zico,
não procuramos nos aperfeiçoar. O Flamengo vai se inspirar na figura e
na história do Zico – disse Mello.
Godinho, conselheiro do grupo EBX, do empresário Eike Batista, tomou a
palavra para esclarecer o que disse ter sido uma sugestão dos possíveis
patrocinadores que pretende trazer para o clube. Ele afirmou que as
empresas contestam o valor muito superior do espaço no centro da camisa
em relação a outros locais, como a exposição das marcas nos ombros do
uniforme.
- Vamos montar um novo conceito de patrocínio master. Seriam três
patrocinadores master, com rodízio de espaço na camisa. Três cotas de R$
14 milhões, R$ 15 milhões. Acho que é um conceito inédito. Essa ideia
partiu de eventuais candidatos a patrocinadores – disse Godinho, para em
seguida anunciar que o empresário Roberto Medida, organizador do Rock
in Rio, também apoia a chapa.
Questionado sobre o planejamento para o futebol, Godinho lembrou que
tenta ajudar o Flamengo desde antes do período eleitoral. Falou sobre a
possibilidade frustrada de contratação de Montillo, hoje no Cruzeiro,
depois da Libertadores de 2010, e disse que a chapa atenderá ao anseio
da torcida por um grande camisa 10.
- Qualquer tipo de conversa, claro, é condicionada à vitória. Tentamos
aqui trazer o Montillo, fechei a contratação por 3,2 milhões de dólares.
Eu colocaria um milhão, o Landim colocaria um milhão, e a atual
administração não achou que era um bom investimento. O Montillo nos
esperou por 40 dias. O nosso movimento vai além de quem vai ser o
presidente. Estamos aqui para ajudar o Flamengo. A torcida anseia por um
10, vamos atender a esse anseio. Sempre com o apoio do Zico, que estará
ao nosso lado nessas questões.
O coordenador da chapa azul explicou também como seria o modelo de gestão do futebol
- A ideia seria um comitê composto por três membros. O vice de futebol,
o Zico, se ele aceitar, e o terceiro membro seria escolhido de comum
acordo pelo Eduardo, o Walter, o Zico e o novo vice de futebol.
Chapa anuncia nomes para comunicação e esportes olímpicos
A chapa azul anunciou ainda dois novos nomes: Cláudio Pracownik será o
vice-presidente de comunicação e tecnologia da informação, e Alexandre
Póvoa será o vice de esportes olímpicos, caso a chapa vença o pleito
programado para 3 de dezembro.
Wallim explicou o motivo de ter usado a expressão “acabar com essa
corja do Flamengo” pouco depois de ter sua candidatura impugnada no
Conselho de Administração, na última quinta-feira. Afirmou que se
referia aos “torcedores profissionais” e outras pessoas que circulam no
clube, que, segundo o empresário, partiram para intimidação e tentativa
de agressão a membros da chapa. O ex-presidente rubro-negro Márcio
Braga, que estava sentado entre os jornalistas na entrevista coletiva,
então pediu a palavra.
- Que houve golpe, houve. Duas chapas fizeram um pacto para impugnar a
oposição. Eu me senti ameaçado dentro do Flamengo nesta reunião. Tal
qual a mulher do João (Henrique Areias, sentado ao lado de Braga), o
filho do Eduardo... Eu detesto homem me olhando de cara feia. E passei
por constrangimento dentro do Flamengo, daquela corja que estava lá. Só
compareço ao Flamengo daqui para frente com minha segurança pessoal.
Hoje temos uma candidatura que pode ser Patrícia Rodrigues ou Jorge
Amorim. É isso que estamos combatendo, essa é a verdade, e só vejo
condições nesse grupo para acabar com aquela bagunça que está instalada –
afirmou o ex-presidente, acusando Patrícia Amorim e Jorge Rodrigues de
terem atuado em conjunto pela impugnação de Wallim.
Questionado sobre a comemoração no momento da sua impugnação, Wallim não resistiu à ironia:
- É isso que comemoram hoje em dia: impugnação e permanência na Primeira Divisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário