O Flamengo campeão brasileiro de 2009 virou um retrato desbotado na
parede. Na atual temporada, o time lutou contra o rebaixamento e, três
anos depois da última grande conquista, os heróis do título ficaram no
passado. Artilheiro da trajetória vitoriosa na competição daquele ano,
Adriano teve ali seu último brilho. O goleiro Bruno saiu de campo para a
prisão, suspeito do desaparecimento de Eliza Samudio. Autor do gol do
hexa, Ronaldo Angelim virou herói e não teve o contrato renovado no fim
do ano passado. Também em 2011, Petkovic se aposentou e teve uma bonita
despedida no Engenhão. Grande parte dos atletas deixou o clube.
Titulares à época, Léo Moura e Airton seguem no Rubro-Negro, mas têm
sofrido com lesões em sequência e nos últimos jogos não estiveram em
campo. Um time desfeito, cuja identidade ficou perdida no tempo.
- Futebol hoje não é como antigamente. Os jogadores mudam muito de
clube de um ano para o outro. Mas em 2009 jogadores como Juan, Ronaldo
Angelim, Léo Moura já tinham muito tempo de Flamengo. O grupo campeão
marcou seu nome na história, mas já sabíamos que com o tempo seria
desfeito – afirmou Andrade, técnico do time hexacampeão brasileiro.
O Flamengo conquistou o hexacampeonato brasileiro em 2009 (Foto: infoesporte)
O problema é que o tempo passou rápido demais para aquele time. Depois
do título, ainda com praticamente todos os campeões, o Rubro-Negro
chegou à decisão da Taça Rio de 2010, mas perdeu para o Botafogo, que
conquistara a Taça Guanabara e ficou com a taça sem a necessidade das
partidas finais. Na Libertadores, a equipe chegou às quartas de final,
mas acabou eliminada pelo Universidad de Chile. O planejamento daquela
temporada desandou a partir do fim do primeiro semestre. O Flamengo
correu risco de rebaixamento no Brasileirão. Uma das marcas do ano foi a
alta rotatividade de treinadores. Depois da demissão de Andrade,
passaram pelo cargo Rogério Lourenço, Silas e Vanderlei Luxemburgo, que
permaneceria até fevereiro de 2012.
Ainda em 2010, o futebol viveu fase problemática com Zico no cargo de
diretor, e uma saída que deixou o departamento em xeque. O maior ídolo
rubro-negro enfrentou problemas, foi contestado e rompeu com a
presidente Patricia Amorim. A reconciliação ainda não ocorreu.
Em 2011, Luxemburgo fez uma reformulação no elenco do Flamengo. Peças
importantes chegaram, especialmente Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e o
goleiro Felipe. Deu resultado. No Carioca, título invicto. No
Brasileirão, vaga para a Libertadores do ano seguinte. Os problemas de
relacionamento, no entanto, minaram o trabalho. Na virada do ano,
estourou a guerra fria entre Ronaldinho e Luxa. Depois da saída do
treinador, o craque deixou o clube com uma ação de R$ 40 milhões na
Justiça do Trabalho. O Flamengo não conseguiu manter Thiago Neves, que
voltou ao Fluminense, e os resultados ficaram bem longe daquilo que foi
planejado, com eliminações no Carioca e na Libertadores. Vanderlei caiu,
Joel Santana assumiu, e Dorival Júnior chegou para ser o terceiro
comandante nesta temporada.
A titulo de comparação, o Fluminense, campeão brasileiro em 2010,
conseguiu manter sólida a estrutura e colhe resultados expressivos até
hoje, mesmo tendo passado por mudanças no grupo, como a saída de Darío
Conca, principal jogador no tricampeonato. Em 2011, não levou o título,
mas conquistou a vaga na Libertadores. Agora, novamente conquista o
título nacional. Vale lembrar que o Tricolor também é o atual campeão
carioca.
No Flamengo de hoje, Dorival teve dificuldades de conseguir armar o
time. O técnico sofreu com carências no elenco, problemas de lesões,
suspensões e convocações de Cáceres e González para as seleções de
Paraguai e Chile.
- Acho que começamos agora a alcançar alguns resultados. Tardiamente?
Sim. Mas é sempre bom terminar um ano podendo apresentar algo mais
consistente. Para 2013, há muita coisa a ser feita, a diretoria sabe
disso. Continuamos acreditando nesse trabalho, mas teremos um caminho
longo e árduo ainda este ano – disse Dorival, depois da vitória por 1 a 0
sobre o Náutico.
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