sábado, 6 de outubro de 2012

Divinos da Vida Real: Campo Grande põe estádio à disposição de Fla e Flu



Divinos da Vida Real - Campo Grande (Foto: Paulo Victor Reis)"Qual é o estádio do Flamengo? E o do Fluminense? Reclamam do Engenhão, mas só querem jogar lá." O presidente do Campo Grande, João Ellis Neto, não se conforma com o fato da dupla Fla-Flu nem sequer cogitar mandar seus jogos no Ítalo del Cima, o maior estádio particular do Rio, com 22.500 lugares.

- O Flamengo aceita jogar em Macaé e Volta Redonda, mas não pensa em Campo Grande. Muitas vezes dá prejuízo jogar no Engenhão. Para o futebol do Rio melhorar, precisa todo mundo estar junto - dispara.

João Ellis, direto da sala da presidência, onde guarda a Taça de Prata de 1982, título que representa a Série B do Campeonato Brasileiro. De time chato nos anos 80, o Fabuloso, como também é conhecido o clube, foi parar na Série C do Carioca, amargando um período sem futebol profissional. Mesmo na terceira divisão do estadual, a fiel torcida não abandona o Campusca.

  
Reconhece o garoto? Trata-se de Vagner Love, ainda nos tempos de Campo Grande, clube pelo qual foi revelado. O Artilheiro do Amor ainda não tinha trancinas na época    

- É amor sem divisão. A gente acompanha o que tiver: categorias de base, futebol feminino... - conta Ramon Dias, diretor da torcida Super Galo, que tem este nome por conta do mascote do clube. A ideia surgiu porque o Campo Grande foi o 13º clube a se filiar à Federação de Futebol do Rio (Ferj), e 13 é galo no Jogo do Bicho.

Outro torcedor fanático diz que a má fase só aumentou o amor pelo clube.

- Aqueles que se mantêm fiéis à paixão mesmo na terceira divisão, sem TV, com portões fechados, esses encontraram seu verdadeiro amor incondicional - explica Henrique Andrade.


Bronca com clubes de empresários

João Ellis se irrita ao falar sobre o surgimento de clubes de empresários.

- É muito fácil. Você aluga uma sala, não precisa ter responsabilidade com o bairro, com p... nenhuma. Tem muito clube por aí que não dá retorno para a comunidade - detona, lembrando a importância dos tradicionais pequenos do Rio.

- Um clube como o Campo Grande aceita qualquer menino. Essa é a diferença do pequeno para o grande. Se o cara dá um pontapé bonito na bola, a família dele está aqui no dia seguinte achando que ele vai ser o novo Ronaldo - revela.

BATE-BOLA

Valdir Bigode, jogador que foi revelado pelo clube e voltou anos mais tarde para ser treinador

  
  
Qual é a sua história com o Fabuloso?
Eu fui revelado pelo clube e tenho um carinho imenso pelo Campo Grande. Voltei em 2010, como treinador, mas era muito complicado.

O problema era a estrutura?
Não dá nem para falar que falta estrutura, não existe estrutura. O presidente se esforça, mas não tem dinheiro. Dinheiro é tudo.

Como estavam as categorias de base na sua última passagem pelo clube?
Estavam numa situação muito delicada. É difícil revelar talentos sem dinheiro. Na minha época, nós tínhamos pelo menos uma estrutura. Tinha um médico e um preparador para acompanhar os jogadores. Espero ver o Campo Grande ressurgir um dia.

PASSADO E PRESENTE DO CAMPO GRANDE

Ítalo del Cima subaproveitado: Campo Grande está sem futebol profissional (Paulo Victor Reis)

Revirando fotos antigas, encontramos uma imagem histórica: Dadá Maravilha, maior talento revelado pelo clube, assinando seu primeiro contrato com o Campo Grande. Mais tarde, ele foi brilhar no Atlético-MG (FOTO: Paulo Victor Reis)

A taça do Campeonato Brasileiro da Série B de 1982. Apesar de já passados 30 anos, a conquista ainda é motivo de orgulho de torcedores do clube e moradores do bairro (FOTO: Paulo Victor Reis)

O futebol está parado, mas o clube sobrevive com eventos, em sua maioria shows de grupos de pagode. Tradição também em festas (FOTO: Paulo Victor Reis)    

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