Na tarde de quinta-feira, um dia depois da derrota por 2 a 0 para o
Santos, Zinho recebeu um telefonema de Patricia Amorim. Na conversa, a
presidente revelou que a situação do vice de futebol Paulo Cesar
Coutinho estava insustentável. Mesmo incomodado com a demissão que
classifica como questão política, o diretor acatou a decisão. E foi
além.
- Pus meu cargo à disposição dela (Patricia) e da direção. Disse que,
se achassem que o trabalho não estava correto, ficassem à vontade (para
demiti-lo). Se acharem que estou atrapalhando, não estou desenvolvendo
meu trabalho, conseguindo o que os dirigentes estão pensando, que fiquem
à vontade. Quero ajudar o Flamengo. Se minha permanência junto com o
Coutinho não está ajudando, para o Flamengo melhorar, se não atingir o
que estão esperando... Mas continuo, e com 100% de dedicação – revelou
Zinho ao GLOBOESPORTE.COM.
No que depender da sua vontade, o diretor não abandona o barco antes de
dezembro. Ele foi apenas comunicado da demissão de Coutinho, mesmo com a
mudança atingindo diretamente o seu departamento. Ficou chateado, mas,
diante da fase ruim do time, evita polêmica.
- A Patricia me ligou dizendo que estava indo para uma reunião com
ex-presidentes, vice-presidente. Enfim, com pessoas que diretamente ou
não estão dentro do clube, algumas nem ocupam cargos, mas estão ligadas a
pessoas que estão no clube. Ela disse que não sabia o teor da conversa,
mas achava que uma das pautas era o caso do Coutinho. Hoje (sexta) pela
manhã, ela me ligou, comunicou, disse que a pressão foi muito grande,
quase uma unanimidade no Conselho, que ficou insustentável. Dizer que
não estou chateado, muito incomodado, seria mentira. Entendo o futebol,
algumas pessoas são sacrificadas. Mas não vou causar polêmica – destacou
o dirigente.
Zinho rasgou elogios a Coutinho. O vice de futebol esteve perto de ser
demitido em maio, mas o diretor pediu a permanência dele.
- Estou triste, era um cara extremamente confiável, um ser humano da
melhor qualidade, rubro-negro, se doou, largou sua família, sua vida,
seus negócios para exercer a função de vice-presidente de futebol. Não o
conhecia antes. Sou grato ao Flamengo mais uma vez, pois me
proporcionou um novo amigo. Convivi com ele quatro meses, período curto,
mas foi companheiro, parceiro, esteve junto em todos os momentos. Sou
leal aos meus amigos, então fico triste. Dizer que estou rindo, estou
feliz... Não. Coutinho pode ter errado em algumas coisas, como também
acertou em várias outras. Não é o momento de falar de todas as coisas
que acho que foram erradas desde o início, pois nosso objetivo é o
Flamengo se recuperar. E, para isso, temos que deixar de lado uma
individualidade para pensar no coletivo. Não quer dizer que porque o
Coutinho saiu o Flamengo será o campeão do mundo, e também não quer
dizer que, se ficasse, cairia para Segunda Divisão – disse Zinho.
O dirigente chegou a um veredicto:
- É uma questão mais política do que profissional.
Zinho tem deixado a família de lado pelo Flamengo. Nos bastidores da
Gávea, ele já tem seu trabalho questionado. Desgastado, o diretor não
baixa a guarda e aponta alguns fatores para o insucesso do time.
- Passamos por um momento muito difícil dentro de campo, mas temos que
colocar o que aconteceu nesse período. Perdemos quatro, cinco jogadores
do time, isso contribuiu para a fase ruim. Com a sequência de derrotas, o
time perdeu um pouco da personalidade, da confiança, que só vai voltar
com trabalho, apoio, união. Contra o Santos, jogamos com o time muito
mexido. Temos que defender o elenco. Perdemos Céceres, Renato e González
por quatro jogos seguidos. Renato dava sustentação ao meio-campo, tem
liderança. Afetou muito um elenco que já tinha limitações – analisou.
Sem dinheiro para grandes contratações
O diretor disse ainda que os problemas já vêm de muito tempo e afirma
que faltou dinheiro para grandes contratações. O clube tentou Diego,
Riquelme e, recentemente, chegou a cogitar negociação com Ganso.
- Ninguém está tapando o sol com a peneira. Os erros que vieram lá de
trás acabamos pagando agora, com contusões, ida de jogador para seleção.
Tentamos preencher, mas no mercado não tem tanta coisa. Os jogadores
que queríamos eram muito caros, e ficou empatado na parte financeira.
Não faltou empenho do Coutinho e do Zinho para buscar contratações. Não
havia dinheiro para comprar jogadores de ponta. Medianos são apostas, e é
difícil, não é toda hora que dá certo, ainda mais no Flamengo –
completou.
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