No ano em que os gastos dos clubes mais cresceram, por conta do dinheiro novo da TV, os gastos com salários e direitos de imagem desaceleraram. Os clubes do Brasil gastaram em 2011 cerca de 55% com esses itens, abaixo do limite defendido pela Associação Europeia de Clubes, que é de 60%. Em 2010, o índice foi de 58%.
Mas, dos 14 maiores
clubes do país, oito ultrapassam esse limite. Os paulistas Palmeiras,
Santos e São Paulo, os cariocas Flamengo, Fluminense e Vasco, mais
Atlético-MG e Internacional ultrapassam essa barreira e chegam a 68,3%,
no caso do Fluminense. E não se pode esquecer que o grosso do que os
principais jogadores do Tricolor, como Fred e Deco, recebem é pago pela
Unimed, a patrocinadora-mecenas do clube.
O Corinthians, ao
contrário, só comprometeu 37,1% dos seus gastos com essa rubrica, e até
enxugou a folha em 8% em relação ao ano passado – em grande parte devido
à aposentadoria de Ronaldo e à ida do lateral Roberto Carlos para a
Rússia.
O São Paulo, mesmo com vários jogadores da base no elenco,
foi disparado quem mais gastou com salários e direitos de imagem no ano
passado. Passou de R$ 95 milhões.
Em relação a 2010, os clubes aumentaram os gastos em 19% e os gastos com pessoal em 13%.
Falta de detalhes
A
pedido do LANCE!, a Mazars auditores destrinchou os gastos dos grandes
clubes brasileiros em 2011. Destrinchou onde foi possível. O Coritiba,
por exemplo, não publica nenhum detalhamento de seus gastos, apenas o
total (veja quadro).
Só Grêmio, Corinthians e Botafogo detalharam
gastos nas cinco colunas adotadas pela Mazars – que poderiam ser muitas
mais, se a transparência dos balanços fosse maior. Mas essa é outra
questão.
Carlos Aragaki, sócio da Mazars auditores: 'Desafio é título com gastos controlados'
Tradicionalmente
as despesas com salários são as mais relevantes para os custos do
futebol. Alguns clubes, todavia não destacam as despesas com imagem
como, por exemplo: Corinthians, Cruzeiro e Atlético-MG. É provável que
as despesas com a imagem estejam registradas como serviços de terceiros
(conta usada por muitos clubes). Assim, pode-se dizer que São Paulo,
Corinthians, Inter e Santos foram os que gastaram mais com salários e
imagem em 2011.
Os clubes têm grande dificuldade para conciliar
gestão financeira e resultado do futebol. Por um lado, o Corinthians com
o maior custo dos clubes se sagrou campeão brasileiro em 2011 e o
Vasco, 10 em custos totais, foi campeão da Copa do Brasil e vice
Brasileiro. Por outro, o Atlético-PR, com custos baixos e finanças
controladas foi rebaixado para a série B.
Um entrave para o entendimento dessa questão pelos leitores é a falta de harmonização dos registros pelos clubes.
‘Imagem’ ainda afeta balanço
Segundo
o auditor Carlos Aragaki uma ação judicial em curso poderá ter impacto
significativo no balanço dos clubes. O meia Ronaldinho Gaúcho pede R$ 40
milhões ao Flamengo. Na ação cita como valores de natureza salarial o
seu contrato de direito de imagem, que correspondia a 62% do seu
salário. Apesar de a nova versão da Lei do Esporte (Lei do Clube
Formador) ter estabelecido que esse contrato não tem natureza salarial, a
jurisprudência ainda é dúbia na questão.
Se prevalecer a ação
movida pelo meia do Atlético-MG, os clubes, em tese poderiam ter que
mudar seus balanços e colocar os pagamentos na rubrica de natureza
salarial e ter que fazer provisões para os encargos trabalhistas não
pagos sobre os direitos de imagem.
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