terça-feira, 3 de julho de 2012

No Brasil, gastos com salários sobem menos




No ano em que os gastos dos clubes mais cresceram, por conta do dinheiro novo da TV, os gastos com salários e direitos de imagem desaceleraram. Os clubes do Brasil gastaram em 2011 cerca de 55% com esses itens, abaixo do limite defendido pela Associação Europeia de Clubes, que é de 60%. Em 2010, o índice foi de 58%.

Mas, dos 14 maiores clubes do país, oito ultrapassam esse limite. Os paulistas Palmeiras, Santos e São Paulo, os cariocas Flamengo, Fluminense e Vasco, mais Atlético-MG e Internacional ultrapassam essa barreira e chegam a 68,3%, no caso do Fluminense. E não se pode esquecer que o grosso do que os principais jogadores do Tricolor, como Fred e Deco, recebem é pago pela Unimed, a patrocinadora-mecenas do clube.

O Corinthians, ao contrário, só comprometeu 37,1% dos seus gastos com essa rubrica, e até enxugou a folha em 8% em relação ao ano passado – em grande parte devido à aposentadoria de Ronaldo e à ida do lateral Roberto Carlos para a Rússia.

O São Paulo, mesmo com vários jogadores da base no elenco, foi disparado quem mais gastou com salários e direitos de imagem no ano passado. Passou de R$ 95 milhões.

Em relação a 2010, os clubes aumentaram os gastos em 19% e os gastos com pessoal em 13%.

Falta de detalhes
A pedido do LANCE!, a Mazars auditores destrinchou os gastos dos grandes clubes brasileiros em 2011. Destrinchou onde foi possível. O Coritiba, por exemplo, não publica nenhum detalhamento de seus gastos, apenas o total (veja quadro).

Só Grêmio, Corinthians e Botafogo detalharam gastos nas cinco colunas adotadas pela Mazars – que poderiam ser muitas mais, se a transparência dos balanços fosse maior. Mas essa é outra questão.

Carlos Aragaki, sócio da Mazars auditores: 'Desafio é título com gastos controlados'
Tradicionalmente as despesas com salários são as mais relevantes para os custos do futebol. Alguns clubes, todavia não destacam as despesas com imagem como, por exemplo: Corinthians, Cruzeiro e Atlético-MG. É provável que as despesas com a imagem estejam registradas como serviços de terceiros (conta usada por muitos clubes). Assim, pode-se dizer que São Paulo, Corinthians, Inter e Santos foram os que gastaram mais com salários e imagem em 2011.

Os clubes têm grande dificuldade para conciliar gestão financeira e resultado do futebol. Por um lado, o Corinthians com o maior custo dos clubes se sagrou campeão brasileiro em 2011 e o Vasco, 10 em custos totais, foi campeão da Copa do Brasil e vice Brasileiro. Por outro, o Atlético-PR, com custos baixos e finanças controladas foi rebaixado para a série B.

Um entrave para o entendimento dessa questão pelos leitores é a falta de harmonização dos registros pelos clubes.

‘Imagem’ ainda afeta balanço
Segundo o auditor Carlos Aragaki uma ação judicial em curso poderá ter impacto significativo no balanço dos clubes. O meia Ronaldinho Gaúcho pede R$ 40 milhões ao Flamengo. Na ação cita como valores de natureza salarial o seu contrato de direito de imagem, que correspondia a 62% do seu salário. Apesar de a nova versão da Lei do Esporte (Lei do Clube Formador) ter estabelecido que esse contrato não tem natureza salarial, a jurisprudência ainda é dúbia na questão.

Se prevalecer a ação movida pelo meia do Atlético-MG, os clubes, em tese poderiam ter que mudar seus balanços e colocar os pagamentos na rubrica de natureza salarial e ter que fazer provisões para os encargos trabalhistas não pagos sobre os direitos de imagem.

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