Dorival Júnior
assinou na última quarta-feira um contrato de um ano e meio com o
Flamengo, mas sabe que terá de começar a apresentar os primeiros
resultados em um curto espaço de tempo. Ele chega ao Rubro-Negro para
iniciar um trabalho cujo foco principal é levar o time à Libertadores da
América. A diretoria exigirá do substituto de Joel Santana não menos do
que uma vaga na edição de 2013 do torneio, para abafar a queda na
primeira fase em 2012. A reboque do desafio principal, o novo comandante
tem metas paralelas, que envolvem um vestiário com necessidade de
renovação, o crescimento de atletas saídos das categorias de base, a
recuperação de alguns medalhões e definir um padrão de jogo.
Dorival assume o leme rubro-negro com o time em situação ruim no
Brasileirão. A décima colocação, com 16 pontos, mostra a equipe a oito
da zona de classificação para a Libertadores, que é fechada pelo Grêmio.
Depois do empate sem gols com a Portuguesa em sua estreia, o próximo
adversário será o São Paulo, domingo, no Morumbi. Até o fim do primeiro
turno, o ex-técnico do Inter terá sete jogos, sendo quatro no Engenhão:
Atlético-MG, Náutico, Vasco e Botafogo.
Mas terá pouco tempo para trabalhar. As sete partidas ocorrerão em
intervalo de menos de um mês. Será jogar, descansar, treinar e jogar de
novo. A largada será importante, porque fundamental é manter a esperança
da Libertadores. Paralelamente, Dorival terá que pensar em nomes que
possam suprir as carências do grupo. Desde a saída de Ronaldinho Gaúcho,
por exemplo, o Flamengo ainda não tem um camisa 10. A diretoria
fracassou durante a janela de transferências internacionais e o
treinador admite que terá de olhar para o mercado brasileiro, incluindo
as Séries B e C.
O treinador foi apresentado aos torcedores na quinta-feira, no
Engenhão. Ele e os jogadores ouviram os rubro-negros chamarem o time de
“sem vergonha”. A esperança é ficar no clube mais tempo do que seu
antecessor. Joel foi demitido com menos de seis meses no cargo. Para
isso, Dorival terá que cumprir objetivos a curto, médio e longo prazo.
Dez deles são listados abaixo pelo GLOBOESPORTE.COM.
1) Classificar para a Libertadores: aí está o grande
desafio do treinador. Quando decidiu pela troca de comando, o diretor de
futebol Zinho traçou a meta. Ele acredita que o Flamengo tem condições
de ficar entre os quatro primeiros do Brasileirão e retornar à disputa
continental depois de cair precocemente, na primeira fase, em 2012.
2) Renovar o elenco: existe a necessidade de renovar o
grupo. Mas o processo, por ser delicado, vem ocorrendo de forma muito
lenta. Dorival terá essa missão: mexer no vestiário sem causar grandes
traumas e sem enfraquecer o grupo. É uma meta a longo prazo. Medalhões
como Renato e Ibson têm sido contestados pelos torcedores, enquanto
garotos como Luiz Antonio e Muralha são queridos pelos rubro-negros.
3) Apostar em jovens atletas: apostar em jovens
atletas, casos de Adryan, Mattheus, Marllon e Thomás, é uma das
exigências para a renovação do elenco. O Flamengo espera que o treinador
tenha capacidade de fazer os garotos crescerem na hora certa, sem
atropelos, mas sem demora. Dorival era o técnico do Santos quando Neymar
e Ganso despontaram. Conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil de 2010,
mas teve problemas de indisciplina com a dupla. Um desentendimento com
Neymar provocou sua demissão.
4) Implementar um esquema confiável: Joel Santana
passou pelo Flamengo sem estabelecer um padrão de jogo. A torcida sempre
se mostrou incomodada com a reincidência do uso de quatro volantes. O
novo comandante rubro-negro precisará definir um esquema que seja
confiável, sem perder a posse de bola característica do time, mas
acrescentando poder de fogo.
5) Achar um camisa 10: o Flamengo ouviu “não” de
Diego, Riquelme e Felipe, e chegou tarde quando tentou contratar o
argentino Diego Morales. A janela internacional foi encerrada em 20 de
julho sem que a diretoria conseguisse um reforço de peso. Agora, resta
olhar para o mercado nacional, mas não há muitas opções para a posição.
Os principais nomes são caros e já chegaram ao limite de sete partidas
por suas equipes. Dorival já disse que terá de olhar para as Séries B e
até C para tentar garimpar um reforço.
6) Melhorar a defesa: a defesa vem sendo um problema
para o Flamengo. Entre os dez primeiros colocados do Brasileirão, o
Rubro-Negro, ao lado do Botafogo, é o time com mais gols sofridos: 17.
Os dois laterais, Léo Moura e Ramon, não vivem um bom momento, e as
jogadas aéreas também preocupam. Dorival Júnior precisa encontrar a
dupla de zaga ideal e sanar os problemas. Hoje, o grupo conta com
Welinton, Marcos González, Marllon, Thiago Medeiros, Arthur Sanches e
Frauches. A diretoria tentou contratar Juan, mas ele foi jogar no Inter.
7) Recuperar Vagner Love: o Artilheiro do Amor é o
goleador do time em 2012 com 15 gols em 27 partidas, mas vive o maior
jejum dele com a camisa rubro-negra. Love não marca há sete jogos, desde
9 de junho. Tudo bem que o time não vinha jogando com meias capazes de
colocá-lo na cara do gol, mas o desempenho individual caiu. O jogador
tem desperdiçado chances claras, algo pouco comum.
8) Dar ânimo para Felipe: Dorival ganhou um problema
ao assumir o Flamengo. O goleiro Felipe perdeu a posição para Paulo
Victor depois de ter sido diagnosticado com dengue e está insatisfeito
com a reserva. A chegada de um novo técnico renova a esperança do camisa
1 de reassumir o posto, mas ele terá de trabalhar cada vez mais. PV tem
mantido uma sequência de boas atuações.
9) Ter empatia com a torcida: Dorival Júnior chega ao
Flamengo com bom respaldo da torcida, mas sem grande margem para erros.
Afinal, boa parte dos rubro-negros começou a pedir a saída de Joel
Santana logo depois das eliminações no Carioca e na Libertadores. É por
isso que os primeiros jogos são tão importantes. Se engatar uma
sequência de vitórias em um período que inclui dois clássicos, contra
vasco e Botafogo, ele dará um grande passo para ter a parceria das
arquibancadas.
10) Acompanhar a recuperação de Adriano: na primeira
entrevista como técnico do Flamengo, Dorival Júnior foi questionado
sobre Adriano e disse que o Imperador está em seus planos. No entanto,
fez questão de destacar que tudo depende da completa recuperação do
atacante, que passou pela segunda cirurgia no tendão de Aquiles do pé
esquerdo em abril. Ele tem previsão para começar a intensificar o
trabalho com bola em agosto, mas deixou de fazer a fase final de
recuperação no Ninho do Urubu. O Imperador, porém, segue na pauta
rubro-negra.
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