Nenhum jogador do Flamengo deu entrevista após o treino da tarde desta
terça-feira. Foi uma decisão do diretor de futebol Zinho. Depois da
derrota por 2 a 0 para o Grêmio, pela sexta rodada do Brasileirão, a
crise voltou a ganhar força. Joel Santana está fortemente ameaçado no
cargo, e a diretoria estuda a demissão do treinador. O dirigente deixou
claro que Joel é o treinador do Rubro-Negro, mas não garantiu a
permanência.
- O Joel é o nosso treinador. Garantir a permanência de um profissional
nem a minha eu garanto. Quem decide é a presidente. No futebol, eu sou
diretor, e decido pela permanência da comissão e dos jogadores. Só se
ganhar? Só se perder? A gente analisa no geral. Infelizmente no Brasil
time grande é uma cobrança no dia a dia. Principalmente no Flamengo.
Estou atento a tudo, dando confiança aos atletas, para a comissão
técnica. Se eu garanto uma permanência? Não. Mas também não dá para
dizer que vai ser demitido. Hoje é terça-feira e Joel não está demitido.
Até digo a vocês que nenhum jogador vai falar aqui, a pressão está
muito grande. Passei aos atletas e preservei das entrevistas. É treino, é
focado. Perder não é bom. Do jeito que perdemos é pior ainda. Sem Léo
Moura, sem Deivid, mais dois atletas que vão chegar. Não é desculpa, mas
é desculpa. A equipe está se reerguendo. O elenco é bom, mas estamos
com várias peças fora. A tendência é melhorar, fortalecer o elenco.
Tenho que analisar também nesse sentido. Também não é tão simples tirar
A, B e C, tem que ter peça de reposição e não está fácil.
A insatisfação chegou ao limite. E foi colocada à mesa em uma reunião
entre diretoria e Zinho, diretor de futebol, que aconteceu na noite de
segunda-feira, fora da sede da Gávea, segundo o GLOBOESPORTE.COM apurou.
Zinho confirmou o encontro, mas não deu detalhes. Na avaliação dele, o
trabalho de Joel é apenas razoável.
- Não analiso só o Joel. No geral, nossa equipe não fez um grande jogo.
Nossa equipe está razoável, mas para ser campeão temos que melhorar
bastante. É o trabalho da diretoria e dos atletas também. O trabalho é
razoável. Toda semana me encontro com a direção do Flamengo, não
especificamente ontem. Não sou mentiroso. Me reuni ontem como me reúno
toda semana. Hoje bati um papo também, fiz a reunião com a direção.
Tenho que passar o que está acontecendo. Não vou falar o que foi a
pauta. Seria indelicado. Foram vários assuntos, normal de uma direção
tratar. Reforços, jogadores que saíram, como está a saúde financeira do
clube, o que posso realizar. Tudo isso é a pauta. Como estamos na sexta
rodada, janela abriu dia 20, estou me mexendo para reforçar o time do
Flamengo.
E Zinho disse que analisa tudo de forma minuciosa. E não descartou mudanças.
- O Joel é o treinador, mas estamos analisando tudo. Resultado,
treinamento, disciplina do grupo, liderança. Tudo que o futebol exige.
Se as coisas não andam, não progridem, pode haver mudança. É sempre
beneficiando o Flamengo.
O Flamengo, porém, segue com impasse para definir o substituto de Joel
Santana, mas o consenso depois do encontro foi pela troca de comando.
Certo é que nomes como o de Jorginho, que está no Kashima Antlers, e o
de Renato Gaúcho, desempregado desde o ano passado, estão descartados no
momento.
O clube tem encontrado dificuldade para achar treinadores disponíveis
no mercado. Marcelo Oliveira, do Coritiba, agrada a alguns dirigentes,
mas o técnico está envolvido na final da Copa do Brasil contra o
Palmeiras. O segundo e decisivo jogo será no dia 11 de julho.
Segundo avaliação feita pela diretoria, Joel, que amargou as
eliminações na Libertadores e Carioca, não conseguiu dar um padrão
tático ao time e tem pecado nas substituições. Outro fator que causa
contrariedade são as entrevistas pós-jogos do treinador.
Joel, que tem demonstrado irritação com a pressão, tem contrato até
dezembro e, com a demissão, o clube terá que pagar multa de
aproximadamente R$ 1,4 milhão.
Diretor admite insatisfação de alguns jogadores
Zinho comentou ainda sobre o relacionamento entre Joel e jogadores, e
admitiu que existe insatisfação entre atletas que não são aproveitados,
mas sem desrespeito:
- São amigos íntimos? Não posso falar isso. Quando termina o
treinamento, não sei se algum vai lá tomar um refrigerante com o Joel.
Dentro do trabalho, percebo um bom ambiente. Num elenco com 30
jogadores, não dá para dizer que se dá bem com todo mudo. No geral, há
um respeito. Hoje, na conversa que houve, vi que há uma boa comunicação.
É um ambiente tranquilo, mas não dá para dizer que são amigos. Agora,
jogador que não está jogando, dizer que está feliz da vida? Nem quero. O
cara que está no banco não pode estar acomodado. Mas isso não pode
virar indisciplina. Visivelmente vejo jogadores insatisfeitos, mas não
há desrespeito.
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