Ação do clube contra o jogador, protocolada na terça-feira, pede ainda mais R$ 5 milhões pela dificuldade em captar patrocínio
O Flamengo pediu na terça-feira à Justiça que o jogador Ronaldinho
Gaúcho, do Atlético-MG, ex-craque da Gávea, pague ao clube R$ 40 milhões
de indenização. Na ação que foi protocolada, ainda pela manhã, na 9ª
Vara do Trabalho, os advogados usaram o tamanho da torcida, maior
patrimônio rubro-negro, para calcular o prejuízo causado pelo fracasso
da contratação do atleta, batizado de ‘Projeto Ronaldinho’.
Do bolso de Ronaldinho para os cofres do Mengão, só por dano moral,
sairiam R$ 35 milhões, o equivalente a R$ 1 por torcedor. E mais: o
clube pretende abocanhar outros R$ 5 milhões por não ter conseguido
parceiros pelo fato da imagem do jogador ter sido associada às farras
extra-campo.
Para contra-atacar no gramado da Justiça o pedido de Ronaldinho, também
de R$ 40 milhões, por atrasos salariais e direito de imagem, o Flamengo
centrou na falta de disciplina e profissionalismo de R-10 durante o
período em que ele ficou no clube: um ano e quatro meses.
Para comprovar o que classifica atitudes
antidesportivas, anexou à ação na Justiça matérias mostrando a imagem
do atleta às noitadas do Rio de Janeiro. Outro argumento sustentado
pelos advogados rubro-negros é o de que Ronaldinho não cumpriu a sua
única parte no acordo: zelar pela sua imagem. E, por isso, não atraiu
contratos de publicidade e patrocinadores para o clube.
O Flamengo ressaltou que, só em 2009, Ronaldinho, ainda no Milan, teria
conseguido com patrocínios 13 milhões de euros, o equivalente hoje a R$
35 milhões. A ausência de Ronaldinho em campanhas rubro-negras foi
enfatizada. Uma delas foi o fato de o jogador não ter participado
do lançamento da nova camisa do clube, no ano passado, com o símbolo do
Unicef. Para convencer a Justiça da falta de profissionalismo de
Ronaldinho, o clube fez um raio-X da trajetória dele desde a
transferência do Grêmio para o Paris Saint-German, em 2001, até a
chegada ao Rio.
Nesse período Ronaldinho foi comparado a Pelé, além de craques como Zico e o argentino Maradona. O que justificaria o investimento do clube, mas acabou saindo para o Flamengo como péssimo negócio por falta de responsabilidade com sua imagem.
Contrato foi firmado após ameaças
Um dos maiores momentos de tensão entre o Ronaldinho e o Flamengo foi
às vésperas do início da Libertadores. Os advogados rubro-negros
revelaram à Justiça que o clube cedeu à ameaça do jogador de não
participar da competição. Por causa disso, firmaram, mesmo sem
patrocínio, novo contrato com o jogador. Porém, mais uma vez, segundo a
defesa do Fla, o jogador mostrou falta de compromisso com o clube.
Para vencer Ronaldinho no tapetão judicial, o Flamengo argumenta ainda
que não há relação do contrato de imagem do jogador com o de trabalho.
Alega ainda que Ronaldinho não conseguiu manter a sua imagem de atleta
internacional, não zelou pelo seu nome e nem pelo o do Flamengo. O clube
pediu que a Justiça autorize a produção de todos os meios de provas e
depoimentos, inclusive de Ronaldinho Gaúcho. Pediu ainda que a Receita
Federal informe de que forma Ronaldinho declarava o que recebia do
Flamengo.
O clube deu entrada na ação — assinada por seis advogados —
terça-feira, por volta das 11h, na Justiça do Trabalho. Ronaldinho
marcou 28 gols em 72 jogos com a camisa do Flamengo. Ele chegou ao clube
em janeiro de 2011 e conquistou um título carioca.
Imagem ruim prejudicou a parceria
Na remontagem do quebra-cabeça da versão rubro-negra para a Justiça, o
Flamengo trouxe à tona as negociações com a Traffic, que foi parceira do
clube para trazer o jogador do Milan. Alega que no primeiro momento
ficou apenas com incumbência de pagar R$ 250 mil, por mês de salário.
O clube sustenta que em relação ao direito de imagem, até fevereiro —
quando o Flamengo rompeu com a empresa — Ronaldinho teria que embolsar
só R$ 208 mil e não R$ 750 mil, como alega. Para mostrar que queria o
jogador, lembra que assumiu depois o contrato sem parceiro e foi
prejudicado com o mau comportamento do atleta.
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