Na literatura de Joel Santana, os questionamentos que escuta sobre a
escalação de quatro volantes são tão antigos como as histórias de
Monteiro Lobato. Longe das fábulas e em meio aos capítulos conturbados
do clube, eliminações da Libertadores e Carioca, e a sequência de três
empates no Brasileirão, o treinador acredita que sua história no
Flamengo está longe do fim. Depois de contos de turbulências, Joel
garante que conta com a confiança da diretoria e destaca a necessidade
de vitória sobre o Coritiba, sábado, às 18h30m (de Brasília), no
Engenhão, para navegar em águas tranquilas.
- A vitória contra o Coritiba é importante para dar tranquilidade ao
grupo, ao torcedor, para a direção, e para passar um domingo em paz,
ter equilíbrio das ações. Estamos tendo tranquilidade pelo processo que
está sendo feito, pela confiança da direção. A presidente esteve no
clube, conversamos, ela tentou dar tranquilidade diante de tudo o que
aconteceu. Vamos voltar ao nosso melhor. Começamos a sentir uma
atmosfera que para o futuro será boa. Futebol a gente não faz muito
projeto, mas sim resultado. Cada jogo é uma situação. Esse jogo contra o
Coritiba pode dar tranquilidade a nós todos para navegarmos num mar
mais tranquilo e dar sequência ao campeonato – afirmou Joel Santana,
ainda em Campinas, logo depois do empate por 2 a 2 com a Ponte Preta.
Ao ser questionado sobre o esquema com quatro volantes – Airton,
Kleberson, Renato e Ibson – Joel demonstrou certo incômodo, exaltou seu
currículo e deu suas explicações.
Joel contabiliza críticas e resultados ruins com o Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)
- Essa história é tão antiga... É história de livro de Monteiro Lobato.
Hoje, no futebol, quem não marca não chega a lugar nenhum. A maior
equipe do mundo que se chama Barcelona é uma equipe que marca muito. O
que estamos tentando é dar firmeza ao nosso setor defensivo. Eu não
passo um jogo sem tomar um ou dois gols. Na hora que eu firmar meu setor
defensivo, vamos jogar da maneira que a equipe vai pedir. Não sou eu
quem quer, é a equipe que pede. São 25 anos, uma história muito grande,
passei por todos os clubes e consegui vencer. Estamos procurando uma
maneira de jogar. Terminamos o jogo contra a Ponte com um chamado
cabeça-de-área fixo, dois homens pelo lado do campo que são agressivos, o
Ibson e o Renato, que talvez tenha sido o que mais chutou (cinco
finalizações). O Bottinelli como ponto de referência, dois atacantes e
dois laterais que agridem. A maneira de jogar que a gente entra se
diversifica da forma como o jogo se apresenta. É um negócio desgastante
(questionamento de quatro volantes). Todo mundo joga assim. Não sou eu
que quero assim. Também quero ganhar, não estou aqui para empatar ou
perder os jogos. As coisas vão acontecer gradativamente. Não se joga com
dez atacantes ou dez defensores, tem que ter equilíbrio – analisou o
treinador do Flamengo.
Joel admite que a campanha no Brasileirão ainda não é a ideal depois de
três empates com Sport (1 a 1), Internacional (3 a 3) e Ponte Preta (2 a
2). Mas minimiza os efeitos que os tropeços poderiam causar:
- A campanha não é muito boa, bom é estar na frente, mas não é nada
para fazer estardalhaço. Campeonato Brasileiro é assim. Estamos
encontrando uma equipe dentro da competição. Temos que vencer o jogo
sábado para entrar no grupo que luta por Libertadores e campeonato.
Empatamos com o Sport na primeira rodada, fizeram um estardalhaço
danado, e eles estão aí. A equipe está começando a devolver o que gosto,
mais aguerrida, um propósito de marcação mais firme. Mas ainda tomamos
gols. Até a quinta, sexta, sétima rodada, as equipes estão se
encontrando. A partir da oitava, você vai ver quem é quem. O jogo de
sábado vai dar um equilíbrio para a gente, mas não é jogo fácil, mas em
casa não podemos perder.
Joel acredita que, depois de momentos de pressão, vai encontrar a paz:
- As coisas vão acontecendo gradativamente. No Flamengo, as coisas não
são fáceis. Depois dessas turbulências todas que passamos, eu e outros
profissionais estamos colocando as coisas no seu devido lugar. Pode
ganhar ou perder, mas se perder será com luta.
A literatura do futebol se baseia em resultados. Na sua teoria, Joel
defende a escalação de quatro volantes, mas tem trabalho tão árduo com
Os Doze Trabalhos de Hércules, um clássico de Monteiro Lobato, quando o
herói precisa matar o Leão de Neméia. No Flamengo, Joel tem que matar um
leão por dia.
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