A paciência da alta cúpula do Flamengo com Joel Santana chegou ao fim. A
pressão que sai da Gávea e chega ao Ninho do Urubu encontra o escudo
que protege e segura o treinador no cargo: Zinho, favorável a um diálogo
para uma solução pacífica e a manutenção do treinador, pelo menos por
enquanto. A multa rescisória em caso de demissão imediata é de R$ 1,4
milhão, e não R$ 3 milhões, como fora divulgado. Mesmo com a asfixia
financeira, mais do que as altas cifras, o maior problema do clube é
encontrar um substituto para o atual treinador, que está em processo de
fritura.
Na madrugada desta quinta-feira, depois de uma atuação sem brilho e
empate por 2 a 2 com a Ponte Preta, graças a um gol salvador de Vagner
Love aos 48 minutos do segundo tempo, o assunto demissão voltou à tona.
Zinho, que estava em Campinas, e o vice-presidente de finanças, Michel
Levy, que ficou no Rio, conversaram por telefone. O assunto em pauta: o
futuro de Joel Santana. O diretor de futebol pediu “calma” e “uma
conversa” para tratar do tema. Mesmo em caso de vitória contra o
Coritiba, sábado, no Engenhão, será feita nova avaliação sobre o
trabalho do técnico.
À distância do futebol e com perfil de não jogar lenha na fogueira, a
presidente Patricia Amorim não está satisfeita com os resultados. Em
caso de demissão de Joel, a palavra final terá de ser da dirigente.
Patricia tem bom relacionamento com Leo Rabello, empresário do treinador
que teve participação efetiva na campanha para a ex-nadadora se eleger
mandatária do Rubro-Negro.
Renato Gaúcho e Adilson Batista em baixa
Alguns nomes são comentados nos bastidores da Gávea. O primeiro deles é
de Renato Gaúcho, desempregado desde que deixou o Atlético-PR, no dia
1º de setembro de 2011. Aprovado por alguns conselheiros e torcedores, o
ex-jogador tem grande rejeição de aliados de Patricia Amorim e acabou
praticamente descartado.
Demitido recentemente do Atlético-GO, Adilson Batista foi outra
hipótese estudada, mas o nome não tem força no Rubro-Negro e os
dirigentes o vetaram. Um nome que agrada é o de Marcelo Oliveira, que
tem feito bom trabalho e levou o Coritiba para a semifinal da Copa do
Brasil neste ano e à final em 2011. O treinador tem contrato com o Coxa
até dezembro, e dirigentes rubro-negros nem cogitam qualquer tipo de
negociação no momento em que a equipe paranaense vive um momento
decisivo. O Flamengo também estuda nomes de treinadores que trabalham
fora do Brasil no momento.
Substituições e postura em xeque
O GLOBOESPORTE.COM apurou os principais questionamentos sobre o
trabalho de Joel. O treinador completou na quarta-feira quatro meses de
clube e não conseguiu dar um padrão tático ao time, mesmo depois de ter
um mês livre de jogos com tempo apenas para treinar a equipe. Mesmo
depois das eliminações do Carioca e da Libertadores, o treinador ganhou
respaldo da diretoria. Porém, depois de um balanço geral e dos três
jogos pelo Brasileirão, o sinal vermelho acendeu de vez.
Até mesmo a insistência em escalar o time defensivo provocou
questionamento, assim como as substituições de Joel. Contra a Ponte, por
exemplo, o treinador recebeu críticas ao colocar Negueba na vaga de
Deivid, quando Hernane, recente contratação e vice-artilheiro do
Paulista, estava no banco.
A própria postura abatida do treinador é criticada. Além disso, existe a
preocupação de que, a qualquer momento, o treinador tenha que se
afastar para passar por um procedimento cirúrgico no problema que tem no
quadril.
Os questionamentos respingam até no preparador-físico Ronaldo Torres.
Alguns dirigentes fizeram um levantamento específico em relação à época
em que ele trabalhou no Fluminense para saber qual era o índice de
lesões musculares dos jogadores tricolores.
Encruzilhada, multa e turbulência
O técnico vive sob pressão, mas o clube coloca na balança as
consequências de uma demissão. Joel recebe salários de R$ 350 mil por
mês. A multa rescisória em caso de demissão é calculada da seguinte
forma: somam-se os meses de pagamento que faltam até o fim do contrato
(dezembro). A multa, então, é 50% do total dos vencimentos restantes. No
caso do treinador, a soma daria R$ 1,4 milhão. Mensalmente, o
Rubro-Negro ainda paga parcelas por causa da demissão de Vanderlei
Luxemburgo.
Mesmo diante da pressão, Joel falou em confiança e tranquilidade depois do empate com a Ponte.
- No Flamengo, as coisas não são fáceis. Depois dessas turbulências
todas que passamos, eu e outros profissionais estamos colocando as
coisas no seu devido lugar.
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