O diretor de futebol do Flamengo, Zinho, reconheceu nesta terça-feira
que o momento do clube é conturbado e de pressão, mas procurou minimizar
a crise. Joel Santana, por sua vez, admite que o o clima é dos mais
pesados. Em entrevista à Rádio Globo(vascaína), nesta terça-feira, o treinador,
que está em sua quinta passagem pelo clube, disse que já viveu situações
piores no Rubro-Negro, mas foi enfático ao definir a fase atual.
- A coisa está insuportável.
Joel está incomodado com o vazamento de informações. Ele nega que tenha
problemas de relacionamento com os atletas e que esteja infeliz à
frente do clube. Nesta terça, Zinho reuniu jogadores e comissão técnica
no gramado principal do Ninho do Urubu para lavar a roupa suja.
- Toda hora sai que brigo com isso, brigo com aquilo, que eu estou
triste, magoado. Não estou triste, estou trabalhando no Flamengo. Não
estou satisfeito com os resultados, mas estamos trabalhando, então é
melhor ficarmos calados e continuar trabalhando para não dar notícia
errada para a nossa torcida – disse Joel.
Ronaldinho Gaúcho, liberado para ir a Porto Alegre visitar a mãe
recém-operada, não participou da conversa. Na entrevista, Joel Santana
disse que o jogador é um assunto para Zinho tratar. Elogiou o camisa 10,
mas disse que ele não é insubstituível.
- Questionar o trabalho do Ronaldo é brincadeira, é querer me jogar
contra os jogadores e a torcida, mas não vão conseguir. A proposta é que
ele apresente o futebol que estamos acostumados a ver. Mas se isso não
acontecer, tenho de tomar decisões, sou o treinador.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Clima conturbado
- O Flamengo é assim, as coisas crescem de tal maneira que nem é bom
ficar falando muito. Quanto mais falarmos pode sair algo que nunca
agrada a todo mundo. E meu modo de trabalhar não é assim. Não gostamos
de sairmos de duas competições em que erramos erramos muito, mas com o
tempo de trabalho estamos reformulando a equipe, estamos fazendo um
plantel, não um time. E isso não se faz da noite para o dia. Vivemos há
muito tempo o Flamengo, e encontramos o time em situações piores até,
mas agora a coisa está insuportável. Toda hora sai que brigo com isso,
brigo com aquilo, que eu estou triste, magoado. Não estou triste, estou
trabalhando no Flamengo. Não estou satisfeito com os resultados, mas
estamos trabalhando, então é melhor ficarmos calados e continuar
trabalhando para não dar notícia errada para a nossa torcida. Estou
nessa vida há muito tempo, todas as vezes que vim para o Flamengo, disse
que não vim fazer promessa, mas para trabalhar com muita honestidade, o
tocedor me conhece muito bem. Vou ouvir os comentários, as críticas, e
aceitar quando é c=onstrutiva, e não, quando não é.
Relação com Zinho e com jogadores
- Tenho conversado com Zinho, que está aqui há pouco tempo (chegou em
11 de maio), mas temos conversado todos os dias. Ele vai me ajudar, é um
braço direito, estou tendo a facilidade de ter o Zinho ao meu lado.
Antes, não. Estava havendo uma distância muito grande entre mim e a
diretoria. Mesmo assim toda vez que encontrei com a presidente (Patricia
Amorim), foi colocado, e não é de agora, aquilo que acho, penso e vejo
do Flamengo. Não quero vir para o Flamengo e não deixar, como sempre, um
trabalho pronto, não vim fazer turismo. Quando o Flamengo foi me
buscar, sabia quem estava buscando, sou um profissional sério, tenho 30
anos de carreira, não vim aqui para contar história, para ficar fazendo
média com ninguém, por respeito à torcida, à direção. Mas já me botaram
brigando com três jogadores, não brigo com ninguém. O Ronaldinho foi
falar comigo, o Vagner (Love) e o Deivid também. Aí todo dia alguém traz
pra mim uma polêmica. E estou num clube deste porte que confia no meu
trabalho. Se achar que está certo, está certo, se achar que está errado,
está errado. Vamos fazer um grupo forte no Flamengo, com alguns
profissionais que estamos contratando junto com rapazes que gozam do
nosso prestígio, mas não se faz uma equipe da noite para o dia. Agora,
ficar dizendo que estou chateado é brincadeira. Não vou ficar rindo com
meu time saindo de Libertadores e do Carioca da forma como saímos. Me
chamam de retranqueiro, e meu time toma três gols. Mas se não estiver
feliz de estar no Flamengo, vou estar onde? Trabalho num dos maiores
clubes do mundo. Ficar dizendo que estou triste? Que isso, onde nós
estamos? Vamos analisar melhor as notícias. Disseram que não fui em
campo em dez dias, mas os jogadores estavam fazendo testes com o Ronaldo
Torres (preparador físico), e eu estava vendo fitas e mais fitas de
jogadores. E aí se cria uma coisa enorme.
Joel triste?
- Quero deixar claro que estou
satisfeito, feliz. Não estamos num momento bom. No jogo passado, era
para a agente acabar o primeiro tempo com dois ou três gols de vantagem.
O Ibson teve bola para matar o jogo, depois a gente teve um pênalti que
o juiz não marcou, a bola bateu na mão do cara dentro da área, Ronaldo
teve outra chance. Questionar o trabalho do Ronaldo é brincadeira, é
querer me jogar contra os jogadores e a torcida, mas não vão conseguir.
Vazamento de informações
- Esse alguém que a gente quer saber quem é que está passando esse
noticiário todo, que não é verdadeiro. Se estão falando com Deivid,
Vagner, Ronaldo, tem algum problema com o homem. Comigo se resolve
assim, olho no olho. Com o Romário sempre foi assim, começamos amigos e
somos amigos até hoje, porque resolvíamos as coisas assim.
Ronaldinho Gaúcho
- Agora, tudo o que acontece e for relacionado ao Ronaldo está nas mãos
do Zinho, não só com o Ronaldo, mas com todo o grupo. O Ronaldo acima
de tudo é um grande jogador, um astro que encantou todo o mundo. Agora
mesmo vocês falaram que estão vendendo ingressos para o jogo da Seleção
em que era para ele estar lá e não está. Estamos esperando ele nos
encantar aqui no Flamengo também, mas tem coisas que não posso responder
por ele. O Zinho responde, ele falou comigo que vai tomar frente disso
para eu não ficar me desgastando mais com esse tipo de noticiário que
estão direcionando. Para não haver um desgaste do profissional por
várias notícias que estão acontecendo. Ele está todos os dias comigo,
acabei de sair do treinamento e alinhavamos situações de trabalho e
treinamento até o jogo contra a Ponte Preta (em 6 de junho). Ele poderá
responder melhor do que eu. Não tenho de trabalhar com o coração, mas
com a razão. Tenho atrás de mim a torcida, a direção e o grupo de
jogadores. A proposta é que ele apresente o futebol que estamos
acostumados a ver. Mas se isso não acontecer, tenho de tomar decisões,
sou o treinador. Isso não só com ele, mas com qualquer jogador. O
Flamengo quer resultado. Tratamos e estamos conversando com a razão. Se
estiver bem, tudo bem, é isso que nós queremos, estamos torcendo para
isso, mas tenho de tomar decisões quando ele não estiver bem.
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