Romário cumprimenta José Maria Marin em visita do presidente da CBF ao Congresso
Há quase dois meses na presidência da CBF, José Maria Marin conseguiu
reaproximar a entidade máxima do futebol nacional dos políticos
brasileiros. Após duas visitas ao Congresso e reuniões reservadas com
parlamentares ligados ao futebol, o substituto de Ricardo Teixeira dá
agora os primeiros passos para um dos seus principais projetos à frente
da confederação: dar uma solução para a dívida de R$ 4 bilhões dos
clubes brasileiros.
Para isso, Marin contará, inclusive, com a ajuda de ex-inimigos da CBF
durante a gestão do ex-presidente Teixeira. Um deles, o ex-jogador e
agora deputado federal Romário (PSB-RJ), que já esteve na sede da
confederação de futebol para falar sobre as dívidas. Romário é
vice-presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos
Deputados e apoiou a criação de uma subcomissão especial que tratará
exclusivamente dos débitos dos clubes.
“Este tema [da dívida dos clubes] foi discutido”, afirmou Romário, após
sair de uma reunião fechada com o presidente da CBF na sede da
entidade, no mês passado. “Existe a ideia de conversarmos sobre o
assunto. Por isso, criamos a subcomissão na Câmara.”
A subcomissão é coordenada pelo deputado federal Wanderley Alves de
Oliveira (PSC-RJ), o Deley, que também é ex-jogador. Em entrevista ao UOL,
Deley afirmou que a chegada de Marin à presidência da CBF mudou a
relação da entidade com os parlamentares. Segundo ele, a entidade está
“mais disposta ao diálogo” e isso tende a ajudar no debate para o
equacionamento dos débitos dos clubes de futebol.
De acordo com o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Pedro
Trengrouse, especialista em mercado do futebol, todos os times do país
juntos devem cerca de R$ 4 bilhões. Metade disso, são dívidas com o
governo (impostos federais, estaduais, contribuições previdenciárias,
etc). Outra metade são dívidas relacionadas a salários atrasados,
pagamentos a fornecedores e outros débitos.
Para tentar solucionar parte desses problemas, o governo federal criou
em 2007 a Timemania. A loteria que usa o nome dos clubes no seu sorteio
serviria para ajudar os times a pagar o que devem em impostos.
Entretanto, segundo Deley, ela está longe de atingir seu objetivo.
“Quando o governo criou a Timemania, esperava arrecadar R$ 520 milhões
por ano com o jogo. Neste ano, a previsão é que ela arrecade R$ 200
milhões”, afirmou.
De acordo com a Caixa Econômica Federal, administradora da Timemania,
em 2011, foram arrecadados exatamente R$ 159 milhões. Desse total, 22%,
ou seja, R$ 34 milhões foram repassados aos clubes.
Deley afirmou que esse valor não é suficiente. Desde que a Timemania
foi criada, a dívida de clubes não diminuiu. Pelo contrário, vem
aumentando ano após ano.
Por isso, uma das alternativas estudadas pelos deputados para ajudar
aos times é mudar a Timemania. Neste mês, a subcomissão destinada a
estudar as dívidas dos clubes deve realizar uma audiência pública para
analisar os resultados da loteria. A presidente do Flamengo, Patrícia
Amorim, foi convidada a comparecer na sessão, assim como o professor
Trengrouse e um representante da Caixa.
Deley disse que os deputados estão dispostos a ajudar os clubes a
quitar seus débitos. Essa ajuda, porém, terá de ter uma contrapartida.
"Não estamos aqui para passar a mão na cabeça dos clubes. A
administração tem que melhorar."
Para Romário, clubes com dívidas com atletas, por exemplo, deveriam
perder pontos em campeonatos. No Campeonato Paulista, isso já acontece.
Romário apoia a ideia e quer levá-la a outros lugares. “O clube tem que
ter responsabilidade sobre o que assinar”, afirmou.
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