Ao anunciar o rompimento com a Traffic, em fevereiro, a presidente
Patricia Amorim alegou que os gastos mensais de R$ 1,25 milhão com Ronaldinho Gaúcho
seriam compensados com o uso da imagem do jogador. Três meses se
passaram e nenhuma ação de marketing, novo produto ou participação do
jogador em eventos do clube foi concretizada. Irmão e empresário do
camisa 10, Roberto Assis admite que o processo é complicado; pelo lado
do Rubro-Negro, o discurso segue banhado de otimismo e projeções, mas,
na prática, pouca coisa acontece.
Flamengo ainda não conseguiu lucrar com Ronaldinho (Foto: Guito Moreto/Agência Globo)
- Hoje, existe um contrato entre Ronaldo e Flamengo. Há três, quatro
meses que assinamos. Já tem uma série de contratos de licenciamento de
produtos. Existe uma demanda grande pela marca Flamengo e Ronaldo. Para
fazer as ações, precisa ter uma equipe comercial que faça venda. Depois
do rompimento do Flamengo com a Traffic, voltamos à estaca zero –
afirmou Assis.
No ano passado, o primeiro produto lançado foi um boneco em miniatura
de Ronaldinho, que só começou a ser vendido em setembro, nove meses
depois do acerto com o jogador. Até fevereiro da atual temporada, um
memorando sustentava a parceria entre Flamengo e Traffic desde a chegada
do camisa 10. Quando sentaram para assinar o contrato, a empresa quis
renegociar questões técnicas ligadas a patrocínios, licenciamento de
produtos e ao futuro programade fidelidade para o torcedor e esbarrou em
resistências do clube, principalmente do departamento de marketing.
Isso explica a demora para chegar a um acordo.
Com a saída da Traffic, seguem as conversas, planos no papel, mas sem
produtos nas prateleiras para o torcedor nem a imagem de Ronaldinho
sendo usada para expor a marca do Flamengo.
- Teve atraso em coisas do Ronaldo. O modelo anterior era dividido em
três partes: Ronaldo, a Traffic e o Flamengo para fechar qualquer tipo
de parceria ou produto. Hoje, ficou mais fácil, só Flamengo e Ronaldo.
Já tínhamos fechado produtos anteriores, o bonequinho está à venda,
mochila, boné, toalhas. Mas não pode dizer assim: está dada a largada e o
produto está no mercado. Os processos de produção e a maneira de chegar
ao mercado são diferenciados – justificou o vice-presidente de
marketing do Flamengo, Henrique Brandão.
A ideia do clube é, além de licenciar produtos, usar a imagem de Ronaldinho em eventos do clube.
- As coisas com o Ronaldo estão acontecendo aos poucos. Em 2011, foi um
ano baseado em licenciamentos, mas muito pouco licenciamento porque o
entendimento da Traffic em relação ao Flamengo era diferente do nosso em
termos de valores de mercado, garantias mínimas, o que impediu que
alguns produtos fossem lançados. Estamos abrindo o ano de 2012, já
fizemos uma apresentação a Ronaldo e Assis de uma linha de quatro ou
cinco produtos que possam explorar a imagem do Ronaldo de outra forma,
pois ela não pode se limitar a produtos licenciados. É o que nós
explicamos e eles entenderam. Não se fica rico com licenciamentos, é uma
forma de aproximação do ídolo com a torcida. Estamos em fase de
contrato para que possamos lançar – explicou o diretor de marketing
rubro-negro, Marcus Duarte.
Mas toda e qualquer intenção ou ação do clube precisa do aval de Assis e Ronaldo.
- Evidentemente, eu não posso vender o Ronaldo sozinho – afirmou Henrique Brandão.
Assis destaca que o jogador fez novas parcerias com outras empresas sem a participação do Flamengo:
- O marketing do Flamengo teve de se estruturar para poder fazer o que a
Traffic fazia, que era a venda de atributos. A Traffic pagava um valor
mensal para negociar. Só não conseguiu porque não existia um contrato
assinado. Era uma situação complexa. Na hora de falar com grandes
marcas, grandes empresas, esbarrava nisso. Um contrato definitivo nunca
foi assinado. Existia a parceria de receita em todos os produtos, mas
ficou difícil, inviável. Como não tinha um contrato, até mesmo para o
patrocínio principal não sabia se poderia contratar. Ficamos com
pendências. O Ronaldo chegou a fazer ações com algumas empresas, mas o
Flamengo, não.
Apesar dos passos lentos, o empresário ainda acredita que a parceria
caminhe. E diz que a má fase do time e o ano eleitoral no clube
prejudicam:
- Já foram assinados vários contratos, pelo menos 15 produtos devem
estar na rua a partir de junho, produtos licenciados. Essa é a nossa
expectativa. Só que leva um tempo de produção, de logística para
colocarnos pontos de venda. Não tem como fazer isso antes de seis meses.
Leva tempo, é um momento conturbado. Os resultados em campo e o
processo eleitoral atrapalham.
Assis exalta contratação de R10
Fora do departamento de marketing, clube e jogador divergem na questão
de atrasos salariais. Enquanto
Assis espera que Ronaldo receba cerca de
R$ 5 milhões, a diretoria alega que deve R$ 2,25 milhões. Mas em conversa com a presidente Patricia Amorim as arestas foram aparadas.Assis defende a contratação do irmão por parte do Flamengo.
- Já ouvi gente dizendo que a contratação do Ronaldo foi uma aposta
errada. Como foi errada se todos os clubes queriam o cara? Falar depois é
fácil, tinha de falar na hora. Não é que foi sucesso ou fracasso, mas
como não existia um contrato ninguém conseguia fazer nada. Ele tinha
assinado um contrato de exclusividade, mas ninguém conseguia trabalhar.
Foi ruim para todos.
Receita de marketing cai de 2010 para 2011
De acordo com o balanço financeiro de 2011, as receitas de marketing
caíram cerca de R$ 300 mil em relação ao ano anterior, mesmo com
Ronaldinho Gaúcho no elenco. A explicação é a falta de um patrocinador
master.
- Em 2010, tinha a Batavo. No ano passado, só fechamos patrocinador no
segundo semestre. Acho que isso explica – resumiu o vice de marketing
Henrique Brandão.
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