Ou vai ou racha. É neste clima que o vice de finanças do Flamengo,
Michel Levy, e o diretor da Traffic, Fernando Gonçalves, vão sentar à
mesa até sexta-feira para discutir o futuro da parceria. Será a última
reunião, a última tentativa de manter o laço. A tendência, no entanto, é
de ruptura, e o clube deve assumir a responsabilidade de custear o
salário integral de Ronaldinho – R$ 1,25 milhão incluindo o pagamento de
luvas.
No próximo domingo, dia 5 de fevereiro, a dívida com o atacante vai
completar seis meses, e o montante está perto de chegar a R$ 4,5
milhões. A Traffic parou de depositar os R$ 750 mil na conta do astro
para forçar o Flamengo a assinar o contrato que oficializa a parceria na
contratação do jogador. Desde a chegada do atacante ao clube, há um
ano, um memorando sustenta o acordo. Ronaldinho pouco fala sobre o
problema, mas após o jogo contra o Real Potosí, nesta quarta-feira,
mandou um recado ao clube.
Ronaldinho está prestes a completar seis meses sem receber a maior parte do salário (Foto: Press 21/Tony Dias)
- O Flamengo continua ainda mais forte. É um grande jogador (Vagner
Love), é importante que o Flamengo tenha jogadores assim para que o
clube tenha sempre renda para arcar com os seus compromissos e os
jogadores possam estar sempre motivados - disse o jogador que deu o
passe para o gol de Léo Moura e fez o segundo na vitória por 2 a 0.
A suspensão do pagamento também foi motivada pela parceria pontual do
clube com a 9ine, que tem Ronaldo Fenômeno como sócio. A agência
intermediou a negociação do acerto com a Procter & Gamble para
patrocinador master. A Traffic não foi informada sobre as tratativas e
não recebeu um centavo sequer pelo acerto feito para os quatro últimos
meses de 2011 (R$ 5,6 milhões).
Quando sentaram para assinar o contrato, a Traffic quis renegociar
questões técnicas ligadas a patrocínios, licenciamento de produtos e ao
futuro programa de fidelidade para o torcedor e esbarrou em resistências
do clube, principalmente do departamento de markenting. Daí a demora
para chegar a um acordo. Com a corda esticada até o limite, chegou a
hora de definir se seguem ou racham.
Pressionado por Roberto Assis, irmão e empresário de Ronaldinho, o
Flamengo se apressa e busca alternativas financeiras. Uma possível
solução para dar fim ao imbróglio que coloca em risco a permanência do
atacante no clube seria o acordo judicial com a Cosan Combustíveis e
Lubrificantes S.A. (Esso Brasileira de Petróleo Ltda). A briga na
Justiça se arrasta por causa do uso indevido de um posto de combustível
no terreno da sede rubro-negra durante alguns anos. Costurado no fim de
2010 por Arthur Rocha, colaborador da gestão de Patricia Amorim e
ex-vice geral do clube, o acordo prevê o encerramento da ação que
arrasta-se por quase 16 anos mediante o recebimento de cerca de R$ 7,7
milhões, quantia que representaria metade do valor total do processo.
Parte do montante poderia ser usada para quitar os meses de salários
atrasados do jogador e posteriormente iniciar uma espécie de “poupança
Ronaldinho”.
Outra alternativa está em questão. O Flamengo também poderia realocar o
contrato do jogador ao contrato dos direitos de transmissão dos jogos
do time.
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