A origem militar do CSKA e sua fundação, em 1911, no contexto
da Monarquia Absolutista na Rússia, poderiam dar a Vagner Love o título
de Czar, denominação do líder absoluto do regime. O presidente do
clube, Evgeni Giner, entretanto, optou por uma denominação paternal e
universal, chamando o atacante de filho. A alcunha é simples, mas
simboliza a representatividade do jogador nos sete anos em que ele
defendeu Os Cavalos, como é conhecido o CSKA.
Quando
o Artilheiro do Amor pisar no gramado do Cláudio Moacyr, neste domingo,
em Macaé, para fazer a reestreia pelo Flamengo contra o Nova Iguaçu,
ele dará nova prova de carinho e gratidão ao clube que remonta à sua
primeira passagem, em 2010.
Pelo Rubro-Negro, Love abdicou de
um contrato milionário e de uma vida em Moscou cercada de privilégios e
mimos cedidos pelo próprio mandatário russo.
Contribuir para a
classificação do CSKA às oitavas de final da Liga dos Campeões, no fim
do ano passado, foi a última promessa cumprida por Love ao presidente
antes de ser negociado com o Flamengo. Essa espécie de troca de favores é
uma mostra de como a relação entre dirigente e jogador era pautada por
cordialidade e confiança.
Em sete anos de CSKA, Love teve
dois contratos, o último deles com salário duas vezes superior ao
primeiro, mesmo após aumento recebido em 2005. Do clube, ganhou dois
carros, prêmios e até o aluguel da casa onde morava com a família.
O
atacante era praticamente o único jogador que tinha acesso direto ao
mandatário. E as folgas para ir até o Brasil para resolver problemas
particulares nunca foram questionadas pelo presidente.
O
caráter e o jeito simples de Love, além dos gols em campo, são apontados
por pessoas que conviveram com o atacante e Evgeni como principais
fatores que transformaram o convívio em uma relação entre pai e filho.
Agora
como rubro-negro, Love e algumas de suas atuações ficam eternizadas na
galeria de fotos expostas na sede do CSKA. Nem mesmo uma proposta para o
jogador se aposentar em Moscou e, depois, se tornar sócio de Evgeni em
seus negócios particulares convenceram o atacante a cumprir o contrato
até agosto de 2014.
Diante do choro copioso do presidente no
dia em que se despediu, Love agradeceu e convidou o mandatário para
vê-lo em ação pelo Flamengo, no Rio. O Artilheiro do Amor quer mostrar
ao “pai” que também é muito querido longe de Moscou
OS DEPOIMENTOS
Maksim Golovlev
Diretor de relações internacionais do CSKA em entrevista ao LANCENET!
Melhor estrangeiro que passou pelo país
Nunca vi o presidente ter tanto carinho por alguém do clube como aconteceu com Love. Ele era um filho para o mandatário. Em campo, Love jogava de corpo e alma. Acabava o jogo com a camisa molhada. Se algo desse errado, ele chorava como uma criança. E o presidente se deu conta desde o primeiro momento disso tudo. Um programa na Rússia chegou à conclusão de que Love foi o melhor jogador estrangeiro que já passou pelo país. Por tudo isso, ele ganhou todo esse carinho. Não temos palavras para expressar a felicidade que tivemos com Love no CSKA.
Dionísio Castro
Representante português do CSKA em entrevista ao LANCENET!
Honestidade dentro e fora de campo
Vagner Love jogava como um animal. E quando chegou ao CSKA, com seus 19, 20 anos, deixou todo mundo apaixonado. Carinhoso e atencioso fez com que o presidente se apaixonasse. Um dia, em uma reunião no gabinete de Evgeni Giner, ele resolveu chamar Love de filho e pediu que ele nunca saísse do CSKA. O jogador jamais mentiu para o presidente. Não tinha aquela história de que estava doente, que a avó morreu... Love jamais precisou fazer isso para ficar no Brasil, quando era liberado. Tudo isso que ele conseguiu foi por meio da honestidade e do caráter mostrado dentro e fora de campo.
Evandro Ferreira
Empresário de Vagner Love em entrevista ao LANCENET!
Boa relação ajudou na negociação com o Fla
O relacionamento do presidente tem com Vagner Love não é sequer igual ao que tem com os próprios russos. Quando tinha jogo pela Liga dos Campeões, ele chegava ao hotel e sempre procurava pelo Love para conversar. Eles já tiveram propostas de até 21 milhões de euros (R$ 47,7 milhões) para negociar o jogador, mas ele nunca pediu para sair, a não ser agora para voltar ao Fla. O bom início no clube também ajudou a criar essa boa relação. Ele fez muitos gols, nunca se lesionou e estava sempre no escritório conversando com o presidente. Tudo isso facilitou muito a negociação com o Flamengo.
Dudu Cearense
Jogou com Love no CSKA entre 2005 e 2008 em entrevista ao LANCENET!
Visibilidade do CSKA segurou Love
Joguei com Vagner Love durante três anos e meio no CSKA. Era um jogador que sempre teve o respeito e o carinho das pessoas, principalmente do presidente do clube. O fato de terem outros brasileiros no clube ajudou na adaptação de todos. Sempre saíamos juntos. Muitas vezes, Vagner chamava o pessoal para comer feijão na casa dele. Aí tinha aquela feijoada. Ou se não, ele marcava de sair para algum restaurante ou jogar boliche no shopping. O CSKA é um clube grande da Rússia. Disputou a Uefa, a Liga dos Campeões... Talvez isso tenha segurado o Love tanto tempo. Dava visibilidade para o jogador.
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