O carro com cinco torcedores passa pelo centro de Potosí, os
passageiros avistam três jornalistas brasileiros e os berros começam.
- Vamos, Real! Vamos fazer cinco (gols) neles!
São hinchas do Real Potosí, adversário do Flamengo nesta quarta-feira,
pela Pré-Libertadores. Apesar da provocação, o clima não é de
hostilidade. Longe disso. Na cidade, localizada a 4.000 metros de
altitude, a torcida pelo Leão das Alturas, como é chamado o clube local,
se mistura com a admiração pelo Rubro-Negro. Principalmente por Ronaldinho Gaúcho.
Torcedores
locais marcaram presença forte nos treinos do Flamengo em Potosí.
Admiração por Ronaldinho Gaúcho é grande na Bolívia. (Foto: Richard
Souza / Globoesporte.com)
No último domingo, durante o treino de reconhecimento do estádio Victor
Agustín Ugarte, cerca de duas mil pessoas foram ao local da partida
para ver os brasileiros de perto. Desde a chegada do comboio da
delegação até a volta para Sucre, cidade da preparação rubro-negra,
ninguém arredou o pé.
O encontro com o clube carioca nem era novidade. Em 2007, o Flamengo
visitou o Real Potosí pela primeira fase da Libertadores (empate por 2 a
2). A diferença é que não havia Ronaldinho.
- É um fantástico jogador de futebol, magnífico. Sou torcedor do Real,
mas fã do Ronaldinho - disse o estudante Gérson Bealdo, morador de
Potosí.
Naquele dia, Gérson foi apenas um dentre tantos bolivianos que se
espremeream à beira do campo para tentar chegar perto e tirar uma foto
com o astro. Em vão. Mas valeu a tentativa.
- Estarei no jogo para torcer pelo Real e admirar o futebol de Ronaldinho.
A cidade de Potosí é a capital do departamento de Potosí e da província
de Tomás Frías. Sua população, de acordo com o último censo, realizado
em 2009, é de 194.298 habitantes. Assim como em Sucre, a pobreza e o
trânsito caótico chamam a atenção. As semelhanças não param por aí. A
hospitalidade também é marca do povo que vive por lá.
Mercado
popular de Potosí vende, em sua maioria, artesanato, mas é possível se
encontrar um pouco de tudo nesse espaço comercial. (Foto: Richard
Souza/Globoesporte.com)
O estádio Victor Agustín Ugarte está bem no centro de Potosí. Perto
dali, um mercado popular concentra um grande número de pessoas todos os
dias. Mais gente trabalhando do que consumindo. Há um pouco de tudo,
especialmente artesanatos.
Sua população é na maioria bem humilde, em geral pessoas com baixo
nível de escolaridade e de renda baixa. Os bolivianos tem a face marcada
geralmente por traços de ascendência indígena, pele morena, cabelo e
olhos escuros.
Potosí é conhecida pelo seu vasto patrimônio arquitetônico. A Catedral
Gótica, a Casa da Moeda, ou a Universidade Tomás Frias são exemplos
disso. A cidade foi fundada em 1546. Em 1611, já era a maior produtora
de prata do mundo. No entanto, em 1825, a maior parte da prata havia se
esgotado, e a sua população diminuiu consideralvemente. No começo do
século XX, a exploração de estanho se incrementou pela demanda mundial
e, como consequência, Potosí voltou a experimentar um crescimento
importante.
Real Potosí
No centro de Potosí, uma estátua, erguida em 2007, homenageia o Leão
das Alturas. O monumento é um jogador vestido de lilás e branco. O Club
Bamín Real Potosí foi fundado em 1941 e tem suas cores e seu escudo
baseado no Real Madrid, da Espanha. Campeão boliviano apenas em uma
oportunidade (Apertura 2007), este ano o time chega à sexta participação
na Libertadores, mas jamais conseguiu avançar de fase. Em 2002, 2007 e
2008, foi eliminado logo na primeira. Em 2009 e 2010, não passou da
Pré-Libertadores, coincidentemente superado por equipes brasileiras:
Palmeiras e Cruzeiro.
Em 2011, o Potosí disputou 17 jogos em casa. Foram dez vitórias, quatro
empates e três derrota. Longe de seus domínios, foram cinco vitórias,
seis empates e seis derrotas. Em 34 partidas, alcançou um aproveitamento
de 54%.
No ano passado, a média de público em seu estário foi de quase 11 mil
presentes. Na altitude, jogou oito vezes pela Libertadores. Foram três
vitórias, três empates e duas derrotas.
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