quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Potosí se divide entre torcida pelo Real e admiração por Fla e R10


O carro com cinco torcedores passa pelo centro de Potosí, os passageiros avistam três jornalistas brasileiros e os berros começam.

- Vamos, Real! Vamos fazer cinco (gols) neles!

São hinchas do Real Potosí, adversário do Flamengo nesta quarta-feira, pela Pré-Libertadores. Apesar da provocação, o clima não é de hostilidade. Longe disso. Na cidade, localizada a 4.000 metros de altitude, a torcida pelo Leão das Alturas, como é chamado o clube local, se mistura com a admiração pelo Rubro-Negro. Principalmente por Ronaldinho Gaúcho.

Flamengo Potosi (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com) 
Torcedores locais marcaram presença forte nos treinos do Flamengo em Potosí. Admiração por Ronaldinho Gaúcho é grande na Bolívia. (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)

No último domingo, durante o treino de reconhecimento do estádio Victor Agustín Ugarte, cerca de duas mil pessoas foram ao local da partida para ver os brasileiros de perto. Desde a chegada do comboio da delegação até a volta para Sucre, cidade da preparação rubro-negra, ninguém arredou o pé.

O encontro com o clube carioca nem era novidade. Em 2007, o Flamengo visitou o Real Potosí pela primeira fase da Libertadores (empate por 2 a 2). A diferença é que não havia Ronaldinho.

- É um fantástico jogador de futebol, magnífico. Sou torcedor do Real, mas fã do Ronaldinho - disse o estudante Gérson Bealdo, morador de Potosí.

Naquele dia, Gérson foi apenas um dentre tantos bolivianos que se espremeream à beira do campo para tentar chegar perto e tirar uma foto com o astro. Em vão. Mas valeu a tentativa.

- Estarei no jogo para torcer pelo Real e admirar o futebol de Ronaldinho.

A cidade de Potosí é a capital do departamento de Potosí e da província de Tomás Frías. Sua população, de acordo com o último censo, realizado em 2009, é de 194.298 habitantes. Assim como em Sucre, a pobreza e o trânsito caótico chamam a atenção. As semelhanças não param por aí. A hospitalidade também é marca do povo que vive por lá.


Entrada do mercado popular de Potosí flamengo (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)Mercado popular de Potosí vende, em sua maioria, artesanato, mas é possível se encontrar um pouco de tudo nesse espaço comercial. (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)

O estádio Victor Agustín Ugarte está bem no centro de Potosí. Perto dali, um mercado popular concentra um grande número de pessoas todos os dias. Mais gente trabalhando do que consumindo. Há um pouco de tudo, especialmente artesanatos.

Sua população é na maioria bem humilde, em geral pessoas com baixo nível de escolaridade e de renda baixa. Os bolivianos tem a face marcada geralmente por traços de ascendência indígena, pele morena, cabelo e olhos escuros.

Praça Potosí flamengo (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)
Potosí é conhecida pelo seu vasto patrimônio arquitetônico. A Catedral Gótica, a Casa da Moeda, ou a Universidade Tomás Frias são exemplos disso. A cidade foi fundada em 1546. Em 1611, já era a maior produtora de prata do mundo. No entanto, em 1825, a maior parte da prata havia se esgotado, e a sua população diminuiu consideralvemente. No começo do século XX, a exploração de estanho se incrementou pela demanda mundial e, como consequência, Potosí voltou a experimentar um crescimento importante.


Real Potosí

 Monumento em homenagem ao Real Potosí flamengo (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)
No centro de Potosí, uma estátua, erguida em 2007, homenageia o Leão das Alturas. O monumento é um jogador vestido de lilás e branco. O Club Bamín Real Potosí foi fundado em 1941 e tem suas cores e seu escudo baseado no Real Madrid, da Espanha. Campeão boliviano apenas em uma oportunidade (Apertura 2007), este ano o time chega à sexta participação na Libertadores, mas jamais conseguiu avançar de fase. Em 2002, 2007 e 2008, foi eliminado logo na primeira. Em 2009 e 2010, não passou da Pré-Libertadores, coincidentemente superado por equipes brasileiras: Palmeiras e Cruzeiro.

Em 2011, o Potosí disputou 17 jogos em casa. Foram dez vitórias, quatro empates e três derrota. Longe de seus domínios, foram cinco vitórias, seis empates e seis derrotas. Em 34 partidas, alcançou um aproveitamento de 54%.

No ano passado, a média de público em seu estário foi de quase 11 mil presentes. Na altitude, jogou oito vezes pela Libertadores. Foram três vitórias, três empates e duas derrotas.


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