O Flamengo estreia na Libertadores no dia 25 de janeiro, contra o Real
Potosí, na Bolívia. As condições serão adversas: quase 4 mil metros de
altitude na cidade de Potosí. A situação, entretanto, não é nova. Em
2007, o Rubro-Negro também jogou no estádio Víctor Agustín Ugarte e,
apesar de ter arrancado empate por 2 a 2, sofreu com o ar rarefeito. Em
2012, o plano para minimizar o problema da altitude já está traçado.
Nele, o principal personagem de 2007 é carta fora do baralho. A câmara
hipobárica, aparelho que simula as condições de altitude, não vai ser
utilizada.
- Não há pesquisa científica real que mostre a eficiência da câmara
hipobárica. Foi uma pesquisa vendida ao Flamengo, que não tinha
profissionais com experiência para combatê-la. Também me ofereceram no
Santos, e eu disse que não. Nela não há ação de movimentos, não tem
chute, não chove nem faz sol. Não tem base científica com a realidade da
altitude. Não conheço e não faço questão de conhecer - disse Antônio
Mello, atual preparador físico do Flamengo, em entrevista à Rádio
Brasil.
Em 2007, Paulinho e Clayton na câmara hipobárica (Foto: Márcio Iannacca / GLOBOESPORTE.COM)
Em 2007, os jogadores fizeram trabalhos na câmara hipobárica desde a
pré-temporada, em Itu. Com a bola rolando, já em 14 de fevereiro, o que
se viu foram os jogadores sofrendo com a falta de ar, principalmente no
segundo tempo da partida. Renato Augusto foi um dos que precisaram de
oxigênio ainda com o jogo em andamento.
- Vários jogadores reclamaram. Não dá para explicar direito o que
acontece. Só quem viveu isso pode comentar. Sofri bastante em Potosí.
Choveu no dia do jogo e estava frio. Ainda tive a infelicidade de levar
uma bolada no rosto. Depois disso, ficou ainda mais complicado para
respirar. Não dava para ser substituído, porque o Flamengo tinha feito
as três substituições. Usei, então, o balão de oxigênio levado pela
comissão técnica - lembrou Renato Augusto, hoje no Bayer Leverkusen, da
Alemanha.
Para Antônio Mello, o segredo para vencer os efeitos da altitude é a chegada com antecedência para adaptação.
- Quanto antes chegar, melhor. Mas os clubes carecem de datas e, por
isso, trabalham em cima de cinco, seis dias. É o suficiente para
diminuir esse tipo de problema. Fiz esse trabalho sempre com sucesso em
todos os sentidos. Às vezes, nem pelo resultado, mas por o atleta não
sofrer com o desgaste. Vou repetir tudo isso no Flamengo. Serão sete
dias de trabalho em Sucre, que já está muito próximo a Potosí. São 3.100
metros de altitude, 850 a menos do que em Porosí. Estaremos
praticamente no local do jogo. Com uma técnica apurada, haverá o ganho
de condicionamento. Não é aclimatação, mas adaptação ao desconforto que a
altitude proporciona, principalmente no primeiro dia. A partir do
segundo, melhora - explicou o preparador físico.
O Flamengo fará a pré-temporada em Londrina, no Paraná. A previsão é
que o grupo que encara o Real Potosí deixe o Brasil ainda no dia 15 de
janeiro, dez dias antes da estreia na Libertadores.
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