quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Mello descarta a câmara hipobárica, solução contra altitude usada em 2007

O Flamengo estreia na Libertadores no dia 25 de janeiro, contra o Real Potosí, na Bolívia. As condições serão adversas: quase 4 mil metros de altitude na cidade de Potosí. A situação, entretanto, não é nova. Em 2007, o Rubro-Negro também jogou no estádio Víctor Agustín Ugarte e, apesar de ter arrancado empate por 2 a 2, sofreu com o ar rarefeito. Em 2012, o plano para minimizar o problema da altitude já está traçado. Nele, o principal personagem de 2007 é carta fora do baralho. A câmara hipobárica, aparelho que simula as condições de altitude, não vai ser utilizada.

- Não há pesquisa científica real que mostre a eficiência da câmara hipobárica. Foi uma pesquisa vendida ao Flamengo, que não tinha profissionais com experiência para combatê-la. Também me ofereceram no Santos, e eu disse que não. Nela não há ação de movimentos, não tem chute, não chove nem faz sol. Não tem base científica com a realidade da altitude. Não conheço e não faço questão de conhecer - disse Antônio Mello, atual preparador físico do Flamengo, em entrevista à Rádio Brasil.

jogadores do Flamengo na camara hipobarica (Foto: Márcio Iannacca / GLOBOESPORTE.COM) 
Em 2007, Paulinho e Clayton na câmara hipobárica (Foto: Márcio Iannacca / GLOBOESPORTE.COM)

Em 2007, os jogadores fizeram trabalhos na câmara hipobárica desde a pré-temporada, em Itu. Com a bola rolando, já em 14 de fevereiro, o que se viu foram os jogadores sofrendo com a falta de ar, principalmente no segundo tempo da partida. Renato Augusto foi um dos que precisaram de oxigênio ainda com o jogo em andamento.

- Vários jogadores reclamaram. Não dá para explicar direito o que acontece. Só quem viveu isso pode comentar. Sofri bastante em Potosí. Choveu no dia do jogo e estava frio. Ainda tive a infelicidade de levar uma bolada no rosto. Depois disso, ficou ainda mais complicado para respirar. Não dava para ser substituído, porque o Flamengo tinha feito as três substituições. Usei, então, o balão de oxigênio levado pela comissão técnica - lembrou Renato Augusto, hoje no Bayer Leverkusen, da Alemanha.

Renato Abreu e Antonio Mello no treino do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)Antônio Mello conversa com Renato em treino do Flamengo (Foto: Alexandre Vidal/Fla Imagem)

Para Antônio Mello, o segredo para vencer os efeitos da altitude é a chegada com antecedência para adaptação.

- Quanto antes chegar, melhor. Mas os clubes carecem de datas e, por isso, trabalham em cima de cinco, seis dias. É o suficiente para diminuir esse tipo de problema. Fiz esse trabalho sempre com sucesso em todos os sentidos. Às vezes, nem pelo resultado, mas por o atleta não sofrer com o desgaste. Vou repetir tudo isso no Flamengo. Serão sete dias de trabalho em Sucre, que já está muito próximo a Potosí. São 3.100 metros de altitude, 850 a menos do que em Porosí. Estaremos praticamente no local do jogo. Com uma técnica apurada, haverá o ganho de condicionamento. Não é aclimatação, mas adaptação ao desconforto que a altitude proporciona, principalmente no primeiro dia. A partir do segundo, melhora - explicou o preparador físico.

O Flamengo fará a pré-temporada em Londrina, no Paraná. A previsão é que o grupo que encara o Real Potosí deixe o Brasil ainda no dia 15 de janeiro, dez dias antes da estreia na Libertadores.



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