Ronaldinho Gaúcho viajou para Goiânia na última sexta-feira com um
uniforme diferente dos demais companheiros. A camisa do jogador era
antiga, dos tempos em que o clube ainda não tinha contrato com a Procter
& Gamble. Em todas as fotos postadas pelo fotógrafo do clube no
Twitter, assim como nas publicadas em jornais do Rio neste sábado, o
jogador é o único a não exibir as marcas do principal patrocinador do
Flamengo. No último jogo do time fora de casa, contra o Coritiba, R10
viajou com uniforme idêntico ao dos demais companheiros, com todas as
marcas exibidas no lado direito do peito.
Ronaldinho e Willians: uniformes diferentes na viagem para Goiânia (Foto: Divulgação/Twitter)
A camisa diferente foi usada um dia depois de Ronaldinho não ter
participado de uma ação de marketing planejada pelo patrocinador. Antes
do jogo contra o Figueirense, todos os jogadores, menos o camisa 10, vestiram uma camisa em que a estrela do título mundial de 81 acendia.
Representantes da marca estavam em um dos camarotes do Engenhão. O
episódio causou mal-estar. Mas a empresa divulgou uma nota oficial
dizendo ter ficado "bastante satisfeita com o resultado da ação
promovida" (veja a íntegra da nota no fim da matéria).
A presidente Patricia Amorim disse que Ronaldinho não era obrigado a
participar da ação e que tinha deixado o jogador à vontade no vestiário.
Antes de entrar no ônibus para viajar, no saguão do hotel em que o time
costuma se concentrar, ele deu um abraço em Patricia. Naquele momento,
já vestia a camisa sem os patrocinadores. Neste sábado, a reportagem do
GLOBOESPORTE.COM não conseguiu contato com o diretor de futebol Luiz
Augusto Veloso e com o gerente de futebol Isaías Tinoco, que acompanham a
delegação, para falar sobre o assunto. O mesmo ocorreu com o diretor de
marketing Marcus Duarte.
Ronaldinho está há três meses sem receber a maior parte de seus
salários. A Traffic cortou, com o consentimento de Assis, irmão e
empresário do atacante, o pagamento dos R$ 750 mil mensais para
renegociar a parceria com o Flamengo. Pelo acordo firmado em janeiro, a
empresa receberia percentual em todos os contratos de patrocínio do
uniforme do clube a partir de R$ 30 milhões. Mas o acordo com a Procter
& Gamble, de R$ 6,6 milhões por quatro meses, foi firmado em agosto
sem participação da Traffic. A agência responsável pela negociação foi a
9ine, que tem Ronaldo Fenômeno como um dos sócios e faturou 15% do
valor.
Desde então, a Traffic, insatisfeita com a postura do clube, renegocia
questões técnicas ligadas a patrocínios, licenciamento de produtos e ao
futuro programa de fidelidade para o torcedor. A exclusividade no
agenciamento de anunciantes do uniforme do clube e dos contratos
publicitários individuais de Ronaldinho está praticamente resolvida. As
reuniões, no entanto, têm sido pouco conclusivas sobre os demais pontos e
não há previsão para que o pagamento do jogador seja regularizado.
Mesmo que de forma velada, Ronaldinho e Assis se posicionam. No anúncio da parceria do clube com o Unicef, há 15 dias, o camisa 10 não compareceu.
No evento realizado na Gávea, Patricia contou que o jogador alegou que
teria um compromisso na escola do filho, João, mas que a participação,
assim como no caso da estrela na camisa, não era obrigatória. Na
divulgação da cerimônia, o departamento de marketing anunciou a
participação do Gaúcho com outros atletas do clube, mas só enviou o
convite ao jogador na véspera.
Nas entrevistas, Assis evita fazer críticas sobre a demora do clube
para entrar em acordo com a parceira para não criar uma situação ainda
mais desconfortável. Mas o empresário acompanha todos os detalhes da
negociação e entende que a Traffic, por ter viabilizado a contratação do
jogador, pode ser atendida.
A presidente Patricia Amorim também afirma que acompanha as tratativas,
mas por enquanto não tem impedido que a corda entre Fla e Traffic
estique cada vez mais.
A demora só faz crescer os rumores sobre uma possível saída do jogador,
que não vive um bom momento dentro de campo e foi muito vaiado no
empate sem gols com o Figueirense, na rodada passada. Nesta semana,
Ronaldinho teve seu nome envolvido numa possível transferência. O
príncipe Sultan bin Nasser Al Farhan Al Saud, da Arábia Saudita,
pretende comprar o Panathinaikos-GRE e quer o craque como principal
reforço do clube grego a partir da próxima temporada.
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM,
o empresário Vlassis Tsakas, que representa o árabe em Atenas, diz que
virá ao Brasil em breve para iniciar as negociações. O príncipe estaria
disposto a pagar € 30 milhões (cerca de R$ 71 milhões) pelo craque, que
receberia um salário de € 7 milhões (R$ 16,7 milhões) por ano. Assis diz
que não houve qualquer contato, mas tem recebido propostas de clubes do
exterior. Patricia Amorim quer que o R10 continue, mas não descarta
ouvir ofertas. Segundo ela, é uma de suas atribuições como presidente.
Veja a nota da Procter & Gamble:
A P&G esclarece que ficou bastante satisfeita com o resultado da
ação promovida no Engenhão. O objetivo da companhia, por meio da marca
Duracell, era homenagear o Clube pelos 30 anos da conquista do Mundial, o
que aconteceu e foi muito bem aceito pelos torcedores.
Assim, não existe qualquer tipo de mal-estar com o clube e nada que interfira no relacionamento futuro entre as partes.
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