Thomás, o abusado. Menos badalado de uma geração que deu ao time
principal do Flamengo nomes como Negueba, Muralha, Luiz Antonio e Diego
Maurício, o atacante de 18 anos foi responsável por incendiar a equipe
rubro-negra no empate por 1 a 1 com o Santos, domingo, no Engenhão, e
impressionou o torcedor com sua principal característica: a ousadia.
Destaque contra o Santos, Thomás chegou ao Fla em 2008, vindo do Bota (Cahê Mota / Globoesporte.com)
Com arrancadas velozes e sempre em direção ao gol, o jovem demonstrou
uma personalidade evidenciada desde sua chegada ao Flamengo, vindo de um
rival. Nascido em 24 de fevereiro de 93, em Juiz de Fora, Thomás deu os
primeiros passos no futebol na escolinha do Botafogo na cidade mineira.
Ao se destacar, foi convidado para defender o Alvinegro, em 2007, mas
não hesitou ao trocar General Severiano pelo clube de coração na
primeira oportunidade, ainda com 14 anos.
- No fim de 2007, fiz um jogo contra o Flamengo, recebi o convite e vim
para cá. O processo foi bem complicado. Eu não estava muito feliz no
Botafogo, e optei por trocar de clube. Pedi a carta de liberação, eles
não me deram, e acabei entrando na Justiça. Depois de três meses,
consegui. Sempre me identifiquei mais com o Flamengo, já conhecia a
galera toda e optei pela troca.
Na Gávea há pouco mais de três anos, o currículo dá mostras de que a
escolha foi acertada, com o título invicto do Estadual juvenil em 2010 e
da Copa São Paulo de Futebol Júnior neste ano. A boa participação na
competição em gramados paulistas, inclusive, fez com que Thomás chamasse
a atenção de Luxemburgo. Em busca de afirmação entre os profissionais, o
atacante se apresenta ao torcedor e fala sobre suas características.
- Sou um cara que parte para cima mesmo, é o que eu gosto. Os jogadores
mais experientes até me incentivam, falam que essa é minha qualidade e
que preciso ter confiança. Por isso, sempre tento as jogadas.
Foi assim que ele chamou a atenção diante do Santos. Apesar de a
partida ser sua terceira no time principal, todas no Brasileirão, o
garoto acredita que, enfim, provou que pode, sim, ser importante.
Principalmente após a lesão de Bottinelli.
- Contra o Ceará, joguei dez minutos. No jogo com o América-MG,
conseguimos virar, entrei no intervalo. Mas contra o Santos tinha uma
expectativa grande do jogo e foi o meu “muito prazer” para todo mundo.
Estou feliz por isso, e à disposição para ajudar sempre.
Neymar como referência, R10 como conselheiro
A vontade de ser mais utilizado, entretanto, não representa ansiedade.
Thomás garantiu entender a precaução de Luxa para lançar os jovens em
partidas importantes do Brasileirão e agradeceu a confiança passada pelo
treinador e companheiros para que pudesse dar conta do recado.
- O Luxemburgo tem bastante cuidado para usar os jogadores mais novos.
Ele fala bastante que é preciso lapidar, que subi há pouco tempo. E
dessa vez deixou bem claro que era para entrar e fazer o meu jogo. Que
não tinha peso nenhum em cima de mim. O Mello (preparador físico) também
disse isso. Depois, em campo, o Renato e o Junior Cesar me falaram:
“Garoto, faz o que você faz nos treinos. Se errar, não tem problema
nenhum”. Tudo isso me deu muita confiança.
Confiança que aumentou ainda mais depois dos elogios de uma das principais referências do jovem rubro-negro: Neymar.
- Ele é um ídolo. É um ano mais velho que eu, conversou comigo depois
do jogo, me deu parabéns. É uma referência, um craque. Nunca nos
enfrentamos na base, mas esse apoio foi bem legal. Ele já passou por
esse processo que estou passando.
E não faltam exemplo próximos de Thomás em sua temporada de estreia
entre os profissionais. Se o abraço de Neymar ficará marcado como um ato
isolado, no dia a dia ele convive com um ídolo que assumiu também o
papel de conselheiro.
- Cresci vendo o Ronaldinho jogar. É meu ídolo de infância. Jogava com
ele no vídeo game e hoje convivo. É um cara que me dá conselho, assim
como o Thiago (Neves), o Léo Moura... Tudo isso é muito gratificante.
Membro da geração que deu ao Flamengo o segundo título da Copa São Paulo, após jejum de 20 anos ,
Thomás acredita que pode, assim como os companheiros, quebrar mais um
tabu incômodo: desde o trio Julio César, Juan e Adriano, no início do
século, nenhum outro jogador de destaque mundial foi revelado na Gávea.
- Conquistamos títulos, somos todos amigos, estamos juntos há muito
tempo, e acho que podemos subir e dar muitas alegrias ao Flamengo.
A confiança é tanta que o atacante ousa até mesmo apontar novas apostas que ainda não foram pinçadas por Luxa.
- Gosto muito do Pedrinho e do Yguinho, atacantes. Eles podem dar grandes frutos.
A torcida rubro-negra espera. E torce por frutos ousados, como Thomás foi diante do Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário