Uns apelam para a numerologia, outros apostam em apelidos de infância,
mas o que importa é carregar consigo uma marca que imponha respeito e dê
confiança. E foi justamente este fator o divisor de águas entre o Luiz
Philipe claudicante nas vezes em que esteve em campo pelo Flamengo e o
Muralha, que teve atuação destacada no Fla-Flu de domingo. Pela primeira
vez com a alcunha que carrega nas costas desde que começou no futebol, o
volante rubro-negro, enfim, apresentou seu cartão de visitas ao
torcedor e admitiu: o nome na camisa fez diferença.
- Muda um pouco, sim. De Luiz Philipe para Muralha. É um nome mais forte, que causa mais impacto.
Com apenas 18 anos, Muralha tem 11 partidas como profissional do Fla (Cahê Mota/Globoesporte.com)
E os números comprovam a teoria. Até então com dez partidas pela equipe
principal do Fla, sempre com atuações apagadas, Muralha foi quase
perfeito na primeira vez em que a direção do clube permitiu que
assumisse oficialmente o apelido. Em campo durante os 90 minutos, algo
inédito no Brasileirão, ele acertou 28 dos 30 passes realizados, roubou
cinco bolas, desarmou outras três vezes e fez apenas uma falta, tendo
sofrido duas.
Uma delas, por sinal, deu o que falar. Aos 40 minutos do segundo tempo,
com o placar apontando 2 a 1 para o Flu, o volante arrancou pelo meio e
caiu após choque com Lanzini. Falta para o Fla, gol de Bottinelli, e
muita reclamação do lado tricolor. Questionado, Muralha não teve dúvidas
em apontar o acerto do árbitro.
- O lance da falta é o que mais rola aí, né? Até o Abel foi expulso.
Mas foi falta, sim. Claro que foi. O cara chegou por trás e me tocou.
Não tem o que falar. O mais importante foi que nós marcamos os três
pontos na tabela.
Escolhido para substituir Willians, o jovem de 18 anos acabou já nos
minutos iniciais com a desconfiança dos torcedores, sendo efetivo na
marcação e com bons passes. A boa atuação, segundo ele, foi fruto do
apoio dos companheiros.
- Clássico é sempre jogo bom, ainda mais um Fla-Flu. Estava esperando
uma partida dessa para ficar o jogo todo e deixar uma boa impressão. Foi
o que aconteceu. A rapaziada mais experiente me passou confiança no
vestiário, na concentração, e entrei em campo com toda tranquilidade
para fazer o que sei fazer de melhor, que é jogar bola.
Juninho Pernambucano era o ídolo, Xavi é a inspiração
Contra o Palmeiras, quarta-feira, às 21h50m (de Brasília), no Engenhão,
pela 29ª rodada, Muralha volta para o banco de reservas. A situação, no
entanto, não incomoda o jovem, que promete aguardar pacientemente pelas
próximas oportunidades.
- Entrei e fiz o meu papel. Agora, depende do professor. Tenho que ter
calma. Estou com 18 anos, chegando agora. Tem o Willians, tem o Aírton.
No momento certo, eu vou jogar.
A tranquilidade é a mesma ao apontar suas referências no futebol. Cheio
de personalidade, o volante, que começou nas categorias de base do
Vasco, admitiu que já foi fã de um rival.
- Eu gostava bastante do Juninho Pernambucano na época que jogava no
Vasco. Ele era meu ídolo. Agora, não vejo ninguém assim. Talvez o Xavi,
do Barcelona, que é um grande jogador, marca bem e sabe sair jogando.
Temos características parecidas.
Com 47 pontos, o Flamengo é o quarto colocado no Brasileirão, atrás do
São Paulo, que tem a mesma pontuação e leva a vantagem no número de
vitórias (13 a 12), vasco, com 50, e Corinthians, 51.
Camisa de treino também já conta com alteração: sai Luiz Philipe, entra Muralha (Foto: Cahê Mota/Globoesporte.com)
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