No domingo, Léo Moura completa 33 anos. Mais um aniversário dentro da
concentração, dessa vez para o jogo com o Santos, às 18h, no Engenhão. O
motor turbinado, que acelerou grandes momentos na lateral direita, deu
uma falhada, confessa o jogador. Mas, depois de jogar com fortes dores
numa sequência de partidas, ele garante que está 100%.
Com mais um ano de vida, Léo Moura admite que soube lidar com as
críticas na fase ruim. Quando era mais novo, diz ele, ficava p...,
queria rebater. Hoje, usa a seu favor.
O jogador fala sobre sua identificação com o clube, fica com os olhos
marejados quando lembra o incentivo do pai no começo de carreira e tudo o
que o futebol lhe proporcionou.
E também o momento delicado quando soube que tinha um tumor no nariz, em 2010.
- Achei que não poderia mais jogar bola.
Sobre o moicano, diz que não pretende cortar nem tão cedo e lembra quando Neymar, com 12 anos, pediu uma foto ao seu lado.
Na cabeça do aniversariante, além do cabelo espetado, também tem uma ideia fixa:
- Dá para acreditar no título. Quem não acredita não chega a lugar nenhum.
Como Léo Moura chega aos 33 anos? Turbinado, recentemente o motor deu uma falhada...
Faço 33 anos e me sinto muito bem. Eu me cuido. Acho que dá para jogar
até 38, 40. Em certos momentos, acontece com qualquer jogador de dar uma
caída, o motor dá uma falhada. Tem que me cuidar, pois na posição que
jogo, tenho que estar bem. Mas estou muito jovem ainda.
Recentemente, você teve uma queda de rendimento, suas jogadas
características não apareciam mais...Você admite essa queda de produção?
Foi ruim, pois o time também passava por um momento ruim e eu não
conseguia ajudar. As pessoas não sabiam o motivo. Sentia muita dor no
joelho direito, mas não queria abandonar o time (no Campeonato Carioca
ele sofreu uma pancada de Conca. O problema se estendeu). Não tinha
outro para posição, Galhardo estava na Seleção, Fierro também. Queria
jogar, ajudar. Mesmo machucado tive colaboração em gols contra o
Figueirense, Santos (deu passes). Falta mais uns golzinhos... (risos).
Mas sei o potencial que tenho e quanto o Flamengo espera de mim. Mas as
jogadas não estavam acontecendo. Agora, já estou 100%, não sinto mais
nada, todos percebem, eu também. Estou mais confiante para fazer as
jogadas. Tenho que estar bem para ajudar nesta reta final desse
Brasileiro.
Você está há seis anos como titular, passou a ser uma referência. A lateral direita pode ser um setor importante do time?
O torcedor do Flamengo confia muito em mim, o Vanderlei também, por
isso tenho que estar sempre bem. Mesmo com jogadores como Ronaldinho e
Thiago Neves, que são de alta qualidade, sei que o time ainda depende
das jogadas pelo lado direito, tenho noção da minha importância. O
pessoal acostumou a ver o Léo bem por ali.
Domingo, seu aniversário, jogo importante contra o Santos...Nem vou perguntar se a vitória seria o melhor presente...
O maior presente seria uma boa vitória boa, com o time jogando bem,
vendo a felicidade da torcida. Quero me dar esse presente. Tenho que
jogar bem, estou indo para o sétimo ano de Flamengo, cheguei novo, quero
continuar aqui. São 33 anos com os momentos mais felizes vividos aqui
no clube.
Então, o Flamengo já te deu muitos presentes, mas também momentos difíceis...
Aqui sou muito feliz, conquistei títulos, sou reconhecido, e o Flamengo
que me proporcionou isso. Os maiores presentes da minha vida foram o
Flamengo que me deu. Faço de tudo para retribuir e dar o retorno, pois
sou torcedor também. Vivi momentos tristes como em 2005, quando quase
fomos rebaixados. Outro momento foi quando fiquei fora da pré-temporada
de 2010, por causa do tumor no nariz, foi muito complicado, achei que
não poderia mais jogar bola. Passou um filme que poderia ter terminado
ali. Mas estou aí, ainda faltam dois títulos importantes que quero
conquistar, que são Libertadores e Mundial. Sonho e acredito nisso. Quem
não acredita não chega a lugar nenhum.
Contra o Santos, sem Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves, a responsabilidade aumenta, você novamente será capitão?
A responsabilidade aumenta, time confia em mim, assim como confio em
todos. Quando o Ronaldinho não está - ele é o primeiro capitão - eu fico
com a faixa, mas independentemente disso minha responsabilidade é
grande demais. Estou desde 2005 aqui, já vi montar e desmontar muito
time. E eu permaneço ali, seis anos como titular, sei o tamanho da
responsabilidade.
E mais um aniversário na concentração...
Estou acostumado a passar datas importantes assim. Falei com minha mãe
para eles irem ao hotel para tomar café comigo, minhas filhas, minha
mulher. Quero celebrar a manhã positiva para terminar o domingo
positivo.
Latera exibe quadro com caricatura. Nela, o moicano ganha destaque (Foto: Janir Júnior / Globoesporte.com)
O que mudou no Léo Moura hoje com 33 anos?
Mudei muito. Depois da minha segunda filha (Isabella), mudei bastante,
penso muito na minha família, quero aproveitar. Tenho uma vida
financeira muito boa, faço meus investimentos para que quando eu pare de
jogar minha família possa desfrutar disso. Quero ver minhas filhas
(Maria Eduarda, 5 anos, Isabella, 3) curtindo tudo do bom e do melhor.
Meu pai não pôde me dar muita coisa, deu o que podia no momento. Acho
que tenho que dar o maior conforto para eles.
Tem gratidão ao futebol?
Não sei fazer outra coisa a não ser jogar futebol. Meu pai me
incentivou muito. Na época de Botafogo, eu treinava no campo do quartel e
ele ficava na Avenida Brasil me olhando. Foi um cara que sempre
batalhou e me incentivou, ele e minha mãe. Sou grato por tudo ao
futebol. Tenho que dar um pouco melhor para eles (Léo se emociona e
tenta conter as lágrimas).
Com a idade o jeito mais explosivo está perdendo para o emotivo, não?
A experiência chega. Lembro que o Romário sempre falava: “você vai
ficando mais velho, fica mais chorão, emotivo”. É verdade. Penso muito
antes de qualquer atitude. Antigamente ficava p.. com as críticas,
queria rebater. Hoje, paro e penso. Com minha cabeça de agora, se estão
falando de mim é porque alguma coisa tem. Alguns falam na maldade, mas
as pessoas mais centradas, quando falam, têm algum motivo. Tenho que ter
discernimento para ver isso. Sei quando não estou bem, meu pai me
cobra. Saia do jogo achando que arrebentei, ligo para ele, que sempre
tem um detalhe a mais.
Com a experiência da conquista do Brasileiro em 2009, vendo a fase atual, ainda consegue acreditar no título ?
Quando tivemos a fase de dez jogos sem vencer, deu uma esfriada. Depois
que deixaram a gente encostar... Ficamos sem vencer, ninguém se
distanciou, encostamos e voltamos a acreditar no título. Pela nossa
tabela, dá para acreditar.
E esse moicano, vai ficar velhinho com ele?
Tem dias em que acordo, tenho que sair rápido, olho no espelho e falo:
“caraca, mané”. Então, meto o boné. Já fui careca e hoje não me vejo sem
o moicano. Só quando parar de jogar. Eu fiz o moicano em 2005 para
2006. Então, fui jogar uma pelada na Vila Belmiro, o Neymar devia ter
uns 12 anos e pediu para tirar uma foto comigo. Legal que o tempo
passou, o Neymar reforçou o moicano. Ele é um ídolo e grande amigo. Fico
feliz de ter lançado essa moda no Brasil.
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