Thiago Neves recebeu a notícia da convocação para o Superclássico das
Américas com surpresa. Ele, Ronaldinho e Renato foram os jogadores do
Flamengo chamados por Mano Menezes para servir à Seleção Brasileira
contra a Argentina, na próxima quarta-feira, em Córdoba. O camisa 7
embarcou para o jogo com a expectativa de justificar a oportunidade, já
que passa por um momento ruim no clube. O bom futebol da campanha do
título carioca e do início do Brasileirão anda passeando por aí, sem
rumo.
- Uma vitória sobre a Argentina, ou se eu fizer um gol, pode ajudar a
mudar a má fase e me dar confiança para voltar a jogar como eu jogava
antes - disse Thiago Neves, no embarque.
Thiago Neves chega à Argentina para o Superclássico das Américas (Foto: Mowa Press)
O meia disputou 42 partidas na temporada e fez 13 gols. É o terceiro
artilheiro do time, atrás de Ronaldinho, com 19, e Deivid, com 15. No
Brasileirão, entrou em campo em 19 oportunidades e marcou quatro vezes. A
última, na vitória por 2 a 0 sobre o Grêmio, na 13ª rodada. São oito
partidas de jejum. A má fase de Thiago só piora com a queda de
rendimento da equipe. O Flamengo não vence há oito rodadas, perdeu nas
últimas quatro, o que não ocorria desde 2006, e saiu da zona de
classificação para a Libertadores: é o sexto, com 36 pontos.
Thiago reconhece que o desempenho está aquém do esperado, mas lembra
que o estiramento muscular na coxa direita, que o tirou dos jogos contra
Inter, Atlético-PR (pela Sul-Americana) e Vasco, influenciou. Em campo,
continua com a disposição invejável, mas tecnicamente deixa a desejar.
Tem sido raro vê-lo passar pela marcação adversária. Em alguns momentos,
erra passes de curta e média distância e parece perder a paciência com
as dificuldades que encontra. Desde o jogo contra o Grêmio, disputou
oito partidas, finalizou a gol 18 vezes, mas não conseguiu marcar.
As assistências também rarearam. Ao todo, foram cinco no campeonato. A
última ocorreu na impressionante vitória sobre o Santos, por 5 a 4, na
12ª rodada.
O técnico Vanderlei Luxemburgo diz que trabalha para ajudar o jogador a
se recuperar. Pede paciência e lembra que todo o grupo passa por um
momento instável. Segundo ele, não é adequado responsabilizar qualquer
atleta pela má fase da equipe na competição.
- Estou tentando dar confiança a ele, mantendo-o na equipe, ele está jogando, porque é um grande jogador, convocado para a Seleção. Mas, como toda a equipe, vive o momento que não é bom. Não tenho que sacrificar o Thiago, não tem como apontar um só como o responsável. O time teve uma queda - afirmou Luxa.
- Estou tentando dar confiança a ele, mantendo-o na equipe, ele está jogando, porque é um grande jogador, convocado para a Seleção. Mas, como toda a equipe, vive o momento que não é bom. Não tenho que sacrificar o Thiago, não tem como apontar um só como o responsável. O time teve uma queda - afirmou Luxa.
A palavra dos especialistas:
Lédio Carmona, comentarista do SporTV: "Eu não me
surpreendo com a queda dele, é bom jogador, costuma ser decisivo, mas
tem sempre altos e baixos. Não tem uma trajetória regular. Sempre tem um
começo em alta e depois entra num período de oscilação. Me lembra muito
o Diego Souza (meia do Vasco). São bons jogadores. Você sabe que uma
hora vai funcionar, mas uma hora vai dar defeito. Qualquer um é assim?
Qualquer um é assim, mas eles têm essa irregularidade como
característica. Costumam não funcionar mais vezes do que poderiam. Até
achei que no Flamengo o Thiago demorou a entrar nessa fase. Passou
bastante tempo de forma regular. No último mês, 45 dias, caiu. Essa fase
faz parte do perfil dele. Acho que do jeito que o futebol brasileiro
está, é irregular, muita gente aqui, muita gente indo embora, acho que
vale a pena ter no elenco. No jogo contra o Corinthians, não foi bem.
Mas as melhores chances partiram do Thiago. Quase decidiu o jogo no
segundo tempo. Ele é irregular, mas o Flamengo não pode se dar ao luxo
de barrá-lo mesmo em má fase. Ele ainda pode fazer alguma diferença. Vai
botar quem? Diego Maurício? Negueba? O que eles fizeram no ano? Não
tem. Acho que depois que o Ronaldinho começou a assumir o papel
decisivo, ele se ofuscou, deu uma acomodada. Não vejo ele com
necessidade de ser protagonista. Isso que me incomoda um pouco. Pode ser
um dos motivos, mas assim mesmo vale a pena ter no time".
Junior, ex-jogador do Flamengo e comentarista da TV Globo:
"Acho que o que pode explicar é o fato de ele ter ficado machucado. Mas
voltou demonstrando que estava curado. Isso vem também de acordo com o
que está acontecendo com o time. Se a parte coletiva não está
funcionando, automaticamente reflete no próprio desempenho. Todos os
jogadores oscilam como os times, acho que é isso. O Thiago é um cara que
a gente pode afirmar que não economiza uma gota de suor. Mesmo não
estando numa fase boa, existe empenho grande na parte física para tentar
superar. O problema dele não é físico, é muito mais na parte técnica.
Ele pode melhorar, já demonstrou isso, pode passar. Está errando passes
curtos e de média distância, que ele tem um percentual de acerto muito
grande. Tem relação com o momento do time, o fato de ter ficado parado.
Acho que daqui a pouco, naturalmente, a boa fase dele volta. Tem aquela
história também da 'Dona confiança". Ela é preponderante, fundamental,
para o jogador de futebol. Quando readquire ou adquire, procura fazer
jogadas que não faria em situações normais. Thiago é o tipo de jogador
que, se tirar do time, não vai beneficiar em nada. Nem ele e nem o time.
O empenho dele é 100% o tempo todo. Isso vai voltar".
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