No Dia dos Namorados, domingo, completaram-se cinco meses da apresentação de Ronaldinho Gaúcho na Gávea, festa para 20 mil pessoas que celebrizou a união tratada de forma superlativa, sob o slogan "o melhor no maior clube do mundo". A lua de mel com a torcida aos poucos foi perdendo força pela falta de brilho do camisa 10 de um time ainda em formação. O casamento é estável, nem de longe qualquer das partes fala em divórcio, mas, tanto tempo depois, o dote ainda não chegou.
Desde que o contrato com a Batavo se encerrou, no fim de janeiro,
o Flamengo ainda não conseguiu um patrocinador para o uniforme agora
vestido por Ronaldinho Gaúcho, investimento que é peça fundamental da
engrenagem movida para trazer o craque. Atualmente, o clube vende espaço
nas mangas e no número do uniforme, e recebe por isso R$ 10,5 milhões
por ano. Com o patrocinador principal da camisa, o clube espera chegar à
cifra de R$ 30 milhões em seus cofres anualmente. O que exceder este
valor será dividido entre Ronaldinho (50%), Traffic (40%) e Flamengo
(10%), segundo acordo feito na época da contratação.
'Cobertura na Vieira Souto'
Maior empresa de
marketing esportivo do país, a Traffic é o financiador desta engrenagem,
responsável pelo pagamento de cerca de R$ 1 milhão mensais ao camisa
10. Como uma corretora, a Traffic é que vai ao mercado, em nome do
Flamengo, atrair interessados em expor sua marca no manto sagrado.
O presidente da empresa, Júlio Mariz, afirma que as dificuldades
em se conseguir um patrocinador já eram esperadas, e que a ideia de que a
simples contratação de Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo geraria
automaticamente uma chuva de propostas de patrocínio eram expectativas
muito otimistas. Segundo o empresário, alguns fatores contribuem para a
demora no fechamento de um acordo: o alto valor do contrato (a exigência
do Flamengo é de algo próximo de R$ 20 milhões), os jogos pouco
atrativos do primeiro semestre rubro-negro, e a intenção do clube de
firmar um acordo de longo prazo.
Apesar de já estar bancando Ronaldinho no Flamengo há meses sem
começar a ter retorno financeiro para a empresa ou para o clube, a
Traffic aposta que fez um grande negócio.
- A gente já sabia que não ia ser fácil. É um risco calculado.
Ronaldinho no Flamengo é um projeto de quatro anos, passaram-se só
alguns meses. Há uma ansiedade, mas as coisas não funcionam assim. É um
valor muito alto. E pretendemos fechar por dois, três anos. Ninguém
assina um contrato desse do dia para a noite. É mais difícil vender uma
cobertura na Vieira Souto do que um apartamento menor dentro do bairro.
Se outros clubes que estão fechando patrocínio com mais facilidade, você
pode ter certeza que é por um valor bem menor - afirma Júlio Mariz.
Só uma oferta até agora
A demora em encontrar um
patrocinador faz o Flamengo baixar sua expectativa. No início do ano, o
clube projetava arrecadar mais de R$ 25 milhões só com o patrocinador
principal da camisa. Atualmente, ficará satisfeito se fechar por R$ 20
milhões, valor próximo do que recebia da Batavo até janeiro último. Até
agora, o clube só recebeu, via Traffic, uma oferta concreta, de uma
montadora de carros multinacional. A conversa esfriou depois que a
empresa baixou sua contraproposta para R$ 17 milhões anuais, valor pelo
qual o clube preferiu não fechar negócio. Como metade do ano já se
passou, o Flamengo sabe que não arrecadará mais que R$ 10 milhões em
2011.
- Nós somos uma corretora, a decisão de fechar ou não caberá
sempre ao Flamengo. O clube cobra caro porque vale muito mesmo. O
calendário brasileiro é mais atrativo a partir de abril, com o
Brasileiro. É só ver que o Flamengo praticamente só pegou times de
segunda linha no Estadual e Copa do Brasil - completa Mariz, para quem o
fato de Ronaldinho não estar brilhando em campo pouco interfere. - Não
faz diferença ele estar jogando bem ou não agora. Estamos vendendo um
contrato longo, o Flamengo é um time que garante muita exposição.
A Traffic atua ainda em outros dois projetos dentro no Flamengo: a
transformação do programa de sócio-torcedor, ainda sem previsão de
lançamento para as próximas semanas, e um novo projeto de difusão da
marca do clube nas redes sociais.
Por enquanto, Ronaldinho Gaúcho segue sendo uma dupla aposta: a
paciência dos torcedores que esperam uma subida de rendimento em campo é
proporcional à dos dirigentes no aguardo de uma empresa que financie o
negócio.
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