Com seus 1,62m de altura e 59kg, Luiz Cláudio Servete de Souza, o Selé,
vem roubando a cena nas partidas de showbol do Flamengo. Reserva da
equipe bicampeã carioca, ele se tornou o mais novo xodó da torcda
rubro-negra, que se diverte a cada jogada do pequenino ala-esquerdo, que
poucas chances teve no futebol profissional do clube. Aos 40 anos de
idade, ele explica a ligação com o Flamengo e o porquê de não ter tido
uma carreira mais próspera no futebol.
- Cheguei ao Flamengo em 1984 e subi para os profissionais em 1990. Não
tive muito espaço, pois o time contava com o Piá e com o Dida na
lateral-esquerda. Fiz apenas cinco partidas pelo Flamengo, em 1991. Foi
em uma excursão de início de ano em Santa Catarina e o técnico era o
Vanderlei Luxemburgo - lembra Selé, um dos destaques do Fla no Carioca
de showbol.
Com o não aproveitamento no clube que o revelou, Selé começou a
peregrinar por diversos times do país. Em 1992, transferiu-se para o
Campinense (PB), sua primeira parada no Nordeste brasileiro. Passou
também por Moto Clube (MA), Treze (PB), Paysandu (PA), até voltar para o
Rio para atuar na Portuguesa, Serrano, Iate Clube e CFZ.
- Não tive muito sucesso e fama na minha carreira por conta do meu
físico. Infelizmente, o futebol requer muito o uso da força e os
técnicos selecionam os jogadores com base no porte físico. Por volta dos
meus 20 anos, fiz um trabalho para ganhar massa muscular, mas não
obtive muitos resultados. Acho que é porque naquela época não existiam
tantos recursos de preparação física e nutrição como há hoje - lamenta
Selé, que, entre idas e vindas, ainda teve mais duas breves passagens
pelo Flamengo, novamente sem ser aproveitado.
Da Gávea, porém, ficaram os amigos. Ex-companheiro de Djalminha,
Marquinhos, Emerson e Junior Baiano, o jogador recebeu, em 2010, o
convite para integrar a equipe rubro-negra de showbol. Bicampeão
carioca, campeão brasileiro e do Torneio Rio-São Paulo, ele vem colhendo
os frutos do entrosamento com os antigos companheiros.
- O grande trunfo do nosso time é o entrosamento e a união do grupo.
Jogamos juntos desde que éramos moleques e nos conhecemos e nos
respeitamos muito. Só de um olhar para o outro já sabemos o que tem que
fazer em quadra. Essa é a receita do sucesso.
Com o seu físico mirrado, Selé virou o novo xodó dos torcedores do Fla (Foto: Divulgação/Ricardo Cassiano)
Mesmo jogando em um time de estrelas, Selé roubou a cena neste carioca.
Por conta do seu porte físico e de sua rapidez, os flamenguistas
vibravam a cada toque do "Chaveirinho" na bola. A consagração veio com a
marcação de um gol diante do Vasco, na vitória por 8 a 3, na semifinal.
- Fico muito feliz com esse reconhecimento dos torcedores, até porque sou o jogador de menos nome na equipe - diz.
Selé trabalha atualmente como conferente de cargas no Aeroporto
Internacional Tom Jobim. Por conta de suas boas atuações no showbol, o
jogador já vem sendo reconhecido por alguns torcedores durante o
expediente.
- Nesta semana, algumas pessoas vieram falar comigo. Um ou outro olhava
desconfiado pensando se era eu mesmo. Outros ficavam impressionados com
o meu real tamanho. A única coisa que posso dizer é que estou feliz com
tudo o que está acontecendo. O showbol tem sido muito importante para
mim - finaliza ele.
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