Rogério Ceni chegou à incrível marca de 100 gols na carreira, e é o dono do recorde de gols marcados por um goleiro no futebol mundial. Mas muito antes do feito do camisa 01 do São Paulo, um velho conhecido dos cariocas gravou seu nome na história ao se tornar o primeiro goleiro a balançar a rede com a bola rolando. Trata-se de Ubirajara e seu feito foi eternizado no Guinness, o livro dos recordes. Hoje, aos 65 anos, o ex-jogador se recorda do gol que marcou no Carioca de 1970 vestindo a camisa do Flamengo.
O jogo foi pela última rodada do Estadual, o rival era o Madureira e o campo era o da Portuguesa, na Ilha do Governador. Ubirajara garante que o gol foi fruto de sua atitude em campo, algo que ele faz questão de elogiar no recordista Ceni. Já os amigos e ex-companheiros que presenciaram o fato ou escutam até hoje a história preferem provocá-lo dizendo que o lance só aconteceu por causa dos fortes ventos do Estádio Luso-Brasileiro durante a partida. Tanto é que o gol ficou conhecido como o 'Gol dos Ventos Uivantes'.
- Eles falam isso para me sacanear (risos). Não nego que o vento me ajudou, mas para entrar precisou da força desse pé tamanho 46. Após a defesa, dei quatro passos, chutei e a bola foi embora, quicou e encobriu o goleiro entrando no cantinho. Brinco com o Pelé. Ele precisou de mil gols para entrar no livro dos recordes. Eu precisei de um (risos). Estamos na mesma página. O meu gol tem o valor de mil - brincou o ex-goleiro.
Ubirajara lembra que o campo na época tinha 120 metros, o que o colocaria também como recordista de distância, feito este ainda não reconhecido pelo livro dos recordes.
- Mas vai ser. Com esses campos menores de hoje em dia com certeza faria mais alguns gols na carreira. Cem eu não digo, mas teria feito mais - afirmou.
Hoje em dia vendo toda a euforia em torno do feito de Rogério Ceni, Ubirajara lamenta não ter tido a oportunidade de explorar o feito. Primeiro dentro de campo. Todos ficaram meio atônitos sem nem saber se o gol seria válido. Após a confirmação, ele nem conseguiu correr junto aos torcedores com medo de ser surpreendido com um gol do Madureira na saída de bola. Já nos dias seguintes, a imprensa não teve a chance de entrevistá-lo. Ubirajara lembra que o então técnico do Rubro-Negro Yustrich era disciplinador ao extremo.
- Ele me prendeu uma semana na concentração para evitar qualquer tipo de euforia - lamentou.
Ubirajara garante que Ceni não faria gol nele
Estudioso do futebol - faz questão de mostrar projetos de pesquisas feitos e exaltar que o esporte é baseado em conceitos matemáticos -, Ubirajara exaltou o fato de Rogério Ceni, mas garante que muitos dos gols feitos pelo são-paulino são fruto da incompetência dos goleiros rivais. Ele garante que Ceni não marcaria um gol sequer com ele embaixo das traves.
- O Rogério é um goleiro moderno e tem a confiança dos companheiros que deixam ele se promover. Dificilmente outro goleiro vai alcançar este feito, mas ele, por ser da posição, sabe as falhas dos adversários. As barreiras são armadas com falhas. Comigo isso não aconteceria. Não sofri gol do Pelé vou sofrer do Rogério? - indagou Bira, como é conhecido, que diz ter pena dos goleiros que sofrem esses gols.
- Não adianta. Vão sempre ficar eternizados. O Paulo Roberto, que sofreu meu gol, teve sua carreira praticamente exterminada. Chegou a ser mandado embora do Madureira. Isso porque meu lance foi muito mais difícil do que qualquer cobrança do Ceni.
Dentro de campo, Ubirajara já mostrou ter história. Fora deles não é diferente. O ex-goleiro foi eleito o negro mais bonito do Brasil pelo júri do programa 'Discoteca do Chacrinha'. E ao falar deste título ele deixa qualquer humildade de lado e desafia achar alguém mais bonito. Nesta eleição, pelo menos, Rogério Ceni não pode nem discutir.
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