Ao refutar regalias a jogadores, Zico sempre defendeu: “O privilégio está no contracheque”. Ronaldinho foi adepto da tese nos primeiros 30 dias de Flamengo, completados nesta quinta-feira. Ele quase sempre foi o primeiro a chegar e o último a sair dos treinos. Sem atrasos, sem faltas.
O exemplo que a presidente Patrícia Amorim gostaria de ter depois de um 2010 confuso, em que os ídolos não souberam os limites. Com o novo camisa 10 é diferente. Quem convive com ele considera que o atleta é um “famoso às avessas”. Treina sem reclamar, anda no ônibus com a delegação, não pede dispensa e divide quarto na concentração (com Thiago Neves).
Houve um tempo em que os treinamentos do Flamengo eram fechados no Ninho do Urubu à espera de Adriano. Quase sempre em vão. As faltas se multiplicaram e as desculpas das mesmas também. Até que chegou a um ponto que a diretoria resolveu simplificar: adotou o discurso padrão de que ele estava liberado.
Mesmo assim, o clima de tensão não deixava o ambiente tranquilo. Onde estava Adriano? Os boatos – e as verdades – se propagavam e trouxeram instabilidade. Adepto das festas privadas na sua casa ou na favela, o Imperador era uma incógnita. Ronaldinho é diferente. Se vai ao show de pagode, sobe ao palco. Se vai ao samba, toca tantã. Tudo feito às claras, sem cortinas.
- Claro que queremos que o companheiro esteja conosco treinando todos os dias como tem acontecido com o Ronaldinho. Mas o importante é o cara entrar em campo e chamar a responsabilidade, como o Adriano também fazia.
Queridinhos no elenco
Mas há algo em que os dois empatam: o entrosamento com os companheiros. Ambos foram bem recebidos e rapidamente se integraram. As reuniões fora do clube são frequentes.
- Não tem muita diferença. Os dois são queridos, brincalhões. O Ronaldinho é sério quando tem que ser. Do Adriano a gente sente saudade – disse Léo Moura, que repassou a faixa de capitão ao “Dente”, como o craque é conhecido entre os companheiros.
Seja do “jeito Adriano” ou do “jeito Ronaldinho”, o Flamengo recebe bem a presença de estrela. O currículo de ambos não dá brecha para ciúmes e o comportamento decisivo dentro de campo ajuda a estender o tapete vermelho.
- O grupo sentia falta de um cara que decidia. A gente olhava para o Adriano e pensava: “uma hora ele vai decidir”. E agora acontece isso de novo com o Ronaldinho – afirmou Léo.
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