quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Presidentes dos clubes do Rio negam dívida com Clube dos 13

Desde o primeiro momento em que veio à tona a divergência de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco com o Clube dos 13 em relação à negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro a partir de 2012, o presidente da entidade, Fábio Koff, cita divídas de R$ 60 milhões para justificar pendências dos clubes com a instituição. Durante coletiva na manhã desta quinta-feira, os dirigentes foram perguntados sobre a questão e negaram que haja qualquer valor devido ao C-13.

- Não me parece que o Clube dos 13 seja uma instituição financeira. Se nós temos dívidas, e obviamente temos, é com quem nos dá receita, com quem é nosso parceiro comercial, e, efetivamente, instituições financeiras, de onde tiramos o dinheiro. Não temos uma relação com o Clube dos 13 nesse âmbito. Ele recebe a verba e repassa aos clubes - afirmou o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção.

Clubes do RJ anunciam rompimento com o Clube dos 13 (Foto: Alexandre Vidal / Divulgação)
Os presidentes Roberto Dinamite, Maurício Assumpção, Patrícia Amorim e Peter Siemsen durante entrevista coletiva para explicar a divergência com o Clube dos 13 (Foto: Alexandre Vidal / Divulgação)

O dirigente, que foi o porta-voz dos presidentes dos quatro grandes cariocas na entrevista, citou ainda que, no momento, não há mais repasses de verbas pendentes com o Clube dos 13.

- Como não temos mais verba para receber, porque algumas estão antecipadas e já têm um encaminhamento a ser efetuado, eu não vejo motivo algum para estarmos preocupados. Até porque não estamos recebendo esse dinheiro. Esse tipo de argumento não nos deixa preocupados. Muito pelo contrário. Essas dívidas existem, têm sido honradas, e as pessoas que têm que receber estão recebendo - garantiu.

O presidente do Fluminense, Peter Siemsen, também nega dívidas com o C-13 e acredita que o argumento usado por Koff pode ser interpretado de forma ameaçadora para que os clubes não se decidam pela formação de um bloco independente de negociação com as emissoras de televisão e outras mídias.

- Se a avaliação limita a nossa independência, eu entendo isso como uma certa ameaça. Se nós temos dificuldades financeiras, como todo clube brasileiro tem, e o Clube dos 13 é uma associação que nos pertence, então ela tem que estar preocupada com a situação financeira dos clubes, e não ficar nos questionando se estamos tomando uma decisão diferente. Não se pode misturar, como se dissesse que, a partir do momento que você pega dinheiro aqui, tem que seguir como um cordeirinho. Não, não vamos aceitar isso - afirmou.

Dirigentes alegam pressão de patrocinadores

Roberto Dinamite, presidente do vasco, procurou mostrar que, além da verba direta, há outras preocupações que os clubes do Rio de Janeiro precisaram ter na hora de decidir pelo novo bloco. Pressão de patrocinadores foi uma delas.

- A visibilidade da parceria é tão importante quanto a parte financeira, a sua marca sendo colocada de forma correta - disse Dinamite.

Maurício Assumpção revelou que chegou a ser procurado por patrocinadores quando houve a divulgação das exigências do Clube dos 13 para o novo contrato de direitos de transmissão do Brasileirão.

- Na hora que você vai negociar, quais são os aspectos relevantes? Só a questão financeira ou a pressão que você recebe dos seus patrocinadores e parceiros comerciais? Eles falam o seguinte: “Amigo, onde é que você vai colocar a minha marca? Em quantos programas esportivos? Fora da grade esportiva, quantas vezes minha marca aparece?” Eles querem saber. Porque hoje ele tem isso, Rede Globo. E eu posso falar que não é assim, talvez diminua. Eles podem dizer que não confiam, que não acreditam, que, se diminuir a audiência deles, eles diminuem a receita. E eu tenho uma responsabilidade. Tenho que pagar em dia, tenho que honrar compromisso, pagar as antecipações que eu fiz. Então, esse é um aspecto altamente relevante para nós - afirmou.

A questão financeira foi bastante comentada na entrevista coletiva desta quinta-feira. Outro aspecto citado era se a divergência com o C-13 deixaria os jogos dos times cariocas sem transmissão na televisão, já que, juridicamente, não seria possível duas emissoras transmitirem a mesma partida sem acordo prévio entre elas. Para Maurício Assumpção, esse é um entendimento que não diz respeito aos clubes.

- Hoje, é uma questão em que a TV A e a TV B vão ter que sentar para conversar de que forma vão resolver isso. O grande impedimento que eu vislumbro é que talvez a A tenha placas publicitárias diferentes da B. Aí, você tem um problema de transmissão, de quem é que vai passar. A questão é que hoje podem dizer que estamos fazendo besteira, que vamos sair enfraquecidos. E eu digo o contrário. Nós estamos fortalecidos - afirmou o presidente do Botafogo, reiterando que a formação do bloco dos cariocas teve respaldo dos setores jurídicos dos clubes.

Para Peter Siemsen, caso o grupo formado pelos quatro grandes do Rio acerte os direitos de transmissão de seus jogos com uma emissora que não seja a mesma escolhida em concorrência pelo C-13, a situação será “normal e transitória”.

- Como nós temos compromissos de pagamento de salário aos atletas, mercadológicos, esportivos, viagens, sabemos que não há possibilidade de os clubes ficarem sem televisão durante um ano inteiro. Sabemos que vamos chegar a um acordo comum. Se três ou quatro disserem que não querem mais, qual vai ser o tempo de vida que eles vão ter para fazer frente às demandas financeiras? Então, por necessidade e capacidade de negociação empresarial, nós temos certeza de que vamos chegar a um denominador comum.



Nenhum comentário:

Postar um comentário