Há quem diga que comparação entre jogadores nunca é saudável. Ainda mais quando o exemplo teve de interromper a carreira por acusação de assassinato. Mas Felipe sabe, que quando o árbitro determinou que a vaga para a final entre Flamengo e Botafogo seria decidida nos pênaltis, a lembrança de Bruno foi inevitável para os rubro-negros.
O goleiro, atualmente detido em Minas Gerais, era especialista na arte de desmoralizar batedores. Só contra o Botafogo foram dois títulos cariocas desta forma e seis defesas. Por isso, quando a torcida repetiu o grito de “melhor goleiro do Brasil” que reservava ao ex-camisa 1, o atual dono do posto aumentou a concentração.
- Sabia que numa disputa por pênaltis a responsabilidade aumentaria, pelo histórico dele. Foi importante para que eu possa conquistar meu espaço, mas não quero ser o novo Bruno. Quero ser o Felipe, mas sei que falando de pênalti o Bruno era um monstro - afirmou o goleiro.
Os dois tiveram comportamento - e resultados - semelhantes. Na roda antes da disputa, Felipe pediu a palavra.
- Falei para os companheiros: caprichem, que eu pego dois. Deu certo. Sabia que do outro lado tinha um dos melhores goleiros do Brasil - disse.
Curiosamente, Bruno motivava os companheiros da mesma forma. Ele batia no peito para dizer que nunca perde uma decisão por pênaltis e garantia “pelo menos uma defesa”. Na carreira profissional, os números comprovam a marra do ex-camisa 1.
Felipe começa a trilhar caminho semelhante. Logo na estreia, no amistoso contra o Londrina, salto no lado esquerdo e defesa. Na noite deste domingo, ele espalmou as cobranças de Everton e Somália - Renato Cajá chutou para fora.
Na hora de explicar a aptidão, Felipe surpreende. Diz que não estuda os cobradores, não é fã dos DVDs e descarta os conselhos de treinadores e amigos.
- Prefiro, se for para errar, que seja por mim, e não pelo que os outros falam. Goleiro é sempre sozinho, ouvi conselhos, mas quem está debaixo do gol sou eu. A última decisão tem que ser minha. O Botafogo tem batedores de dois ou três anos, e eles mudam o canto. Tanto que, quando começaram a falar, fiquei mais afastado com a toalha na cabeça, me concentrando. Seria ruim sair de campo sabendo que errei porque fui pela ideia de outra pessoa - declarou.
Felipe também foi na contramão sobre a importância de se treinar pênaltis rotineiramente.
- Pênalti não se treina. Tem que ter confiança, sorte e acertar o canto que o batedor escolhe - resumiu.
Classificado após vitória por 3 a 1 nos pênaltis (1 a 1 no tempo normal), o Flamengo enfrenta o Boavista no próximo domingo, às 16h, na decisão da Taça Guanabara.
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