Vinte e um anos. Foi este o período que a torcida do Flamengo esperou para ver novamente uma geração brilhar na Copa São Paulo de Juniores. Depois de Júnior Baiano, Marcelinho e Djalminha, chegou a vez da turma de Luis Felipe (Muralha), Adryan, Negueba e Rafinha. Mas, na era do futebol em que boa parte das regras é ditada por empresários e grupos de investidores, a pergunta que fica é: quanto valerá no futuro essa geração para o clube?
A resposta é animadora para os rubro-negros. Se realmente prosperar, a nova geração pode trazer dividendos técnicos e financeiros. Dos 11 titulares apenas o goleiro César é de outro time (Sendas). Ele está emprestado até o fim de 2011.
Uma das grandes joias da equipe, o apoiador Rafinha é fruto da parceria com o CFZ (assim como Romário, que já está integrado ao elenco profissional). Ele chegou ao Flamengo no primeiro semestre de 2010 e, no acordo que assinou por três anos, os direitos econômicos são 50% do Fla e 50% do clube de Zico, que recentemente foi arrendado pelo fundo MFD.
O outro caso de jogador fatiado em grande proporção é Thomás. Ele começou nas divisões de base do Botafogo, mas se desentendeu com o clube e assinou com o Flamengo. Mas na operação para renovar contrato, o Fla perdeu mais de um terço dos direitos dele.
Aliás, a estratégia de ceder pequena parte (10% ou 20%) dos direitos aos atletas tem explicação. Na hora da elaboração do primeiro contrato profissional, o clube, em vez de pagar onerosas luvas e se endividar, prefere ceder as porcentagens. O problema é que, em muitos casos, os jogadores revendem tais fatias aos grupos de investidores.
Desde que Carlos Noval assumiu a direção das categorias de base, no fim do primeiro semestre, há um enorme cuidado para evitar que o Flamengo sirva de incubadora para promessas de outros clubes. Com esta filosofia deixaram o clube, por exemplo, o meia Dieguinho (do Nova Iguaçu) e dois atletas que pertenciam ao Arstul. Mais do que vinculados contratualmente, o Flamengo pretende formar um time preso às tradições do clube.
- Resgatamos com os garotos o que é o Flamengo, mostramos a história de Adílio, Zico... E eles agarraram com unhas e dentes. Eles sabem o que é o Flamengo – declarou Noval.
Mescla de categorias
O time sub-18 que disputa nesta terça-feira a final da Copinha, às 10h (horário de Brasília), no Pacaembu é uma mistura de duas categorias. Toda a defesa titular nasceu em 1992 e disputou o último Carioca de juniores (como primeiro ano). Já a maioria dos atletas da parte ofensiva veio do time campeão carioca juvenil invicto em 2010. Estão neste caso Luis Felipe, Adryan, Rafinha, Thomás e Mattheus.
- Esse time é para muitas gerações. Fizemos um trabalho sério, com integração do futsal até os juniores. A campanha não me surpreende pela qualidade da equipe, mas pela rapidez com que isso aconteceu. Achei que a Copinha deles seria a do ano que vem – afirmou Noval.
Desde a chegada de Vanderlei Luxemburgo, a integração entre as divisões melhorou. O treinador enviou o observador Jayme a São Paulo. Além de Romário, que já treina entre os profissionais, o treinador pinçou Luis Felipe e Negueba. Mas há a expectativa de que a lista aumente. Entre os jogadores, a expectativa para a partida é imensa.
Esse será o jogo mais importante da minha vida. Dá um friozinho na barriga nesses momentos antes da decisão, mas estamos preparados. Acompanhei algumas participações do Flamengo na Copa São Paulo e realmente é uma honra para todos nós ajudar o clube a ter sucesso na competição depois de tanto tempo. Espero que nós possamos ter o mesmo destino da geração de 1990, que formou muitos jogadores para o clube – disse o volante Lorran, referindo-se ao time campeão em 90, que tinha, entre outros, Djalminha e Junior Baiano.
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