O verão chegou. É tempo de praias lotadas, altas temperaturas e mercado quente, muito quente. Enquanto os jogadores se divertem em peladas pelo país, os telefones dos empresários não param de tocar. É naquele barulhinho irritante que está a esperança de milhares de torcedores em um 2011 melhor. Não há negociação no futebol brasileiro que não tenha no agente um fator decisivo.
De olho nas transferências para 2011, o GLOBOESPORTE.COM mapeou os principais empresários da bola no país. São dez nomes que concentram mais de 500 jogadores. É pequena a chance de aquele sonhado camisa 10, o goleador implacável ou o xerifão de impor respeito não ouvir com carinho a orientação de um desses nomes.
Desde março de 2001, quando o passe foi extinto no país, os clubes foram perdendo de vista a última palavra nas negociações. Não é à toa que a maior parte destes donos do mercado nacional começou a carreira nesta década. Carlos Leite, Eduardo Uram, Márcio Bittencourt, Fabiano Farah, Gilmar Rinaldi, nenhum desses planejava agenciar jogadores antes do projeto da Lei Pelé, assinada em 1998 e sancionada em 2001.
Os perfis são os mais variados possíveis. Farah fez cursos na Disney e sonhava atuar na área de entretenimento até conhecer Ronaldo em uma ação de marketing do Instituto Ayrton Senna. O encontro virou admiração mútua, e hoje Farah trabalha com nomes do porte de Roberto Carlos (Corinthians) e Marta (Santos). Márcio Bittencourt deu a sorte de ser um bancário em uma agência na qual muitos jogadores abriam contas. Hoje, é um dos que dominam o mercado carioca.
O avanço dos agentes tem uma lógica simples. Na roda viva da bola, os clubes ficam cada vez mais endividados, e os agentes, mais influentes. Enquanto marcas gigantes como Vasco e Palmeiras ainda sofrem para pagar em dia, quase todos os principais empresários do país possuem empresas com mais de dez funcionários e uma rede de olheiros para peneirar talentos Brasil afora. Para Eduardo Uram, nada supera o poder de um bom contato.
Com isso, a cada vez que um jogador se despede de um clube atrás de cifras milionárias, o torcedor irritado elege o empresário como vilão. A classe reage ao rótulo. Dono da carteirinha 001 de agente no Brasil, Léo Rabello acompanha o mercado desde o fim dos anos 70. E defende a tese de que o futebol brasileiro melhorou depois da entrada dos empresários.
- Apesar de as pessoas nos verem de uma maneira esquisita, somos fundamentais na vida do jogador. Se não fosse o agente, o jogador não poderia nem viver direito. Isso que você lê no jornal, o glamour, isso não existe. Mais de 90% dos jogadores, que deve ser algo perto de 20 mil federados, vivem na maior miséria. Só 3% ou 4% têm esses salários altos. Não passa disso. Futebol é uma profissão muito efêmera. O cara trabalha dez anos em média. O salário alto dilui no tempo. Raros são aqueles que têm formação para exercer uma profissão. É treinador, preparador físico, auxiliar, fora isso não tem mais nada para fazer. Porque eles não estudam nada, não sabem nada. E precisam de alguém estruturado por trás para render bem - analisa.
O mais recente a ser tratado como inimigo por torcedores foi Wagner Ribeiro. O agente está por trás das maiores revelações paulistas dos últimos anos. Participou da saída de Kaká do São Paulo para o Milan em 2003. Dois anos depois, mandou Robinho do Santos para o Real Madrid. O próximo deve ser Neymar, constantemente assediado por europeus. E de quem é Lucas, revelação do Tricolor Paulista nesta temporada? Wagner Ribeiro, claro.
A partir desta terça-feira, o internauta conhecerá detalhes de vida e carreira destes personagens decisivos nos rumos do vai e vem 2011. O GLOBOESPORTE.COM publicará perfis de Assis, Carlos Leite, Eduardo Uram, Fabiano Farah, Gilmar Rinaldi, João Sérgio, Juan Figer, Léo Rabello, Márcio Bittencourt e Wagner Ribeiro. Pela ampla atuação nos últimos anos, a Traffic mereceu um capítulo à parte.
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