terça-feira, 12 de outubro de 2010

Luxa: estilo oposto ao de antecessores cai no gosto do Fla

Preleção da partida contra o Atlético-GO, a primeira em seu retorno ao Flamengo. Vanderlei Luxemburgo, entre meia dúzia de palavrões, avisa aos jogadores que é um "cara com um monte de títulos, um vencedor", e que exigirá a mesma postura dos jogadores daqui para frente. O recado foi entendido como um choque de motivação.

O jeito elétrico e autoconfiante dele é oposto ao de seus antecessores. O último com característica semelhante foi Joel Santana. Ele era a personificação do treinador vitorioso e com empatia com o grupo.

- Ninguém pode correr mais do que a gente, ninguém pode marcar mais do que a gente. Isso aqui é Flamengo - costumava dizer, para motivar o grupo.

Mas desde a saída dele, em maio de 2008, o Rubro-Negro apostou em treinadores com outros perfis. E em todos os casos os jogadores perderam a referência de comando e a situação degringolou.

Caio Júnior começou bem, mas acabou dominado por um grupo que tinha forte liderança de Fábio Luciano. O episódio da bomba na Gávea foi emblemático. Enquanto o capitão foi aos torcedores defender os atletas, o treinador correu para o vestiário, apavorado.

Em 2009, Cuca conseguiu deteriorar sua imagem com o elenco em menos de dois meses. O Flamengo virou uma rede de intrigas envolvendo atletas, treinador e comissão técnica. A queda aguardada por boa parte do elenco demorou e coincidiu com a ascensão da equipe no Brasileiro.

Ascensão essa que deve ser creditada ao jeito pacificador de Andrade. Ele aceitou ouvir as lideranças do time e conseguiu mobilizar os jogadores até o título brasileiro. Mas em 2010 as vaidades e a falta de comprometimento de Adriano o derrubaram. O Imperador passou o primeiro semestre dedicado às farras e aos problemas no relacionamento com a então noiva Joanna Machado. Andrade não soube lidar com o problema, que acabou contaminando outros setores do grupo. O resultado foi a transformação da democracia do ano anterior em anarquia.

A diretoria bem que tentou trazer Joel Santana de volta. Não conseguiu e apostou em Rogério Lourenço. Ele até tinha boas ideias táticas, mas a falta de experiência o complicou. Os jogadores em momento algum "abraçaram-no". Rogério sempre deu a impressão de que era um assistente que assumiu interinamente o cargo.

Pouca coisa mudou com Silas. O discurso religioso dele nas preleções não convenceu os jogadores. Principalmente porque as escolhas táticas eram vistas com desconfiança. Não foram poucas as vezes em que os atletas se queixaram nos bastidores das opções do técnico.

Sem pessimismo

Vanderlei detectou outros problemas. Na preleção, assim como fizera na primeira entrevista coletiva, ele avisou:

- Acabou esse papo de lutar contra o rebaixamento. Se antes falavam isso aqui, agora só vamos pensar em coisas boas. E neste ano, a coisa boa é lutar pela Copa Sul-Americana.

O discurso motivacional, sem inferiorizar o time, foi comprado pelos atletas.

- Precisávamos de um cara vencedor. Por que pensar no pior se também estamos perto da vaga na Sul-Americana? - disse Kleberson.

Discurso praticamente igual ao de Marcelo Lomba.

- O Vanderlei é um treinador de gabarito. Com ele, todos têm de estar focados. É bom trabalhar com ele. O Flamengo vive uma nova etapa. Vamos nos concentrar o máximo nesta retal final. Afastar de vez qualquer tipo de perigo de rebaixamento e garantir uma vaga na Sul-Americana - afirmou o goleiro.

Fora de campo, a diretoria também nota diferenças. Vanderlei se envolve diretamente nas mais diversas questões. Em menos de uma semana no clube, ele já teve reuniões com o departamento de marketing, o de patrimônio e conversou sobre a integração entre profissionais e divisões de base.

Depois de dois jogos sob nova direção, com uma vitória e um empate, o Flamengo volta a campo no próximo sábado contra o Inter, no Engenhão.


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