Shaquille O’Neal: 2,19m e 147kg. Mais de quarenta centímetros e 65 kg mais pesado do que Diego Maurício. Mas, acredite, o atacante do Flamengo tem no astro do basquete americano uma de suas principais fontes de inspiração.
A começar pelo visual. Camisa larga do Phoenix Suns, boné enterrado na cabeça, dois brincos brilhantes, relógio e cordões dourados compõem e o visual semelhante ao de um astro da NBA. Mas o principal ensinamento pinçado foi outro.
- Gosto dos jogadores de basquete pela maneira como eles se comportam. São ousados na partida e por isso são os melhores do mundo. Eles não têm medo de errar – disse Diego Maurício.
Ainda há uma enorme diferença na conta bancária. Mas o atacante de 18 anos não é afoito. Prefere subir um degrau de cada vez. Não se empolgou com a chance de rumar para a Europa quando estava nas divisões de base. Preferiu esperar a chance no time profissional.
A recompensa virá em breve. Diego tem o menor salário do time titular e a diretoria trabalha para reajustá-lo. A renovação está bem encaminhada. Mais um sonho realizado para o carioca da comunidade do Faz-quem-quer, em Rocha Miranda.
Como quase todos os jogadores, Diego conviveu com a proximidade das drogas e do crime. Nem titubeou ao escolher o caminho do futebol. Principalmente pelo apoio do pai José Maurício e da mãe Andréia Machado.
- A luta da minha família foi grande, mas a vitória é espetacular – disse.
Confira a entrevista da promessa do Mengão:
Como foi a infância em Rocha Miranda?
Passei dificuldades. Meu pai (músico) abdicou do trabalho para me levar aos treinos e muitos diziam que ele estava maluco. Mas só posso agradecer. Mesmo na dificuldade ele sempre me ajudou. A luta foi grande, mas a vitória foi espetacular.
Desde quando seu pai resolveu apostar que teria um filho jogador?
Com sete anos ele ia comigo no time do bairro, o Coleginho. Estou no Flamengo desde os nove anos, já tenho quase dez de clube. A estrada foi longa, mas feliz pela vitória que conquistamos. Procuro ser exemplo onde morei. Espero que os meninos não sigam para o caminho errado. As coisas ruins são fáceis, as boas são difíceis.
As drogas e o crime fizeram parte da sua infância?
Já vi, isso é normal. Convivi com muitos amigos de infância que hoje estão no tráfico. Fico triste e por isso gosto de dar o exemplo para as crianças.
Nunca chegou perto de drogas?
Não. Futebol e família me ajudaram muito. Com a graça de Deus realizei meu sonho de ser jogador do Flamengo.
Há bastante tempo o Flamengo não revela um atacante. Há uma pressão maior por causa disso nas divisões de base?
Jogador que vem da base do Flamengo tem que estar tranquilo. O jogador de fora até pode sentir a pressão, mas quem vive isso há dez anos está preparado.
Fabiano Oliveira, Bruno Mezenga e Paulo Sergio tiveram números expressivos na base do Flamengo, mas não conseguiram êxito no profissional. O que passava pela sua cabeça ao ver vários jogadores subirem e por um motivo ou outro fracassarem?
Ficava triste porque via jogadores que eu conheço e tenho intimidade não se firmarem. E o primeiro pensamento que tive era me garantir como profissional. Creio que consegui. O segundo é ser titular. Espero, por partes, alcançar meus objetivos.
Mas foi tudo muito rápido. Em maio você treinava esporadicamente no time principal. Como foi lidar com a nova realidade?
A mudança me deixou espantado. Agora estou mais tranquilo em relação a isso. Antes foi difícil, porque saí do anonimato e passei a ser reconhecido no Brasil inteiro. É complicado. Queria ir a um lugar, fazer as coisas e pensava que era uma pessoa normal. Mas o assédio acabava me pegando de surpresa. Mas a cada dia, a cada momento, espero assimilar e crescer como jogador.
Como resistir às facilidades que a vida de jogador proporciona?
Sempre quando vejo a facilidade penso nas dificuldades que passei para chegar ao time profissional. Foi a superação da família pobre e procuro me aprimorar para ter uma vida pessoal tranquila e pensar somente em jogar futebol.
E esse visual meio rapper, meio NBA?
Gosto dos jogadores de basquete americano pela maneira como eles se comportam em quadra. São ousados nas partidas e por isso são os melhores do mundo. Eles não têm medo de errar. Podem errar 15 ou 20 vezes, mas sabem que se acertarem uma bola faltando dois segundos podem garantir a vitória. Eu gosto disso. Tento não ser mais um em campo, procuro ser objetivo porque sei que uma bola só é capaz de decidir a partida.
Qual jogador de basquete resume esse seu pensamento?
Shaquille O'Neal.
E o apelido de Drogbinha o incomodou?
Não. Foi uma coisa positiva. Ele é conhecido mundialmente, dispensa comentários. Mas minha essência é Diego Maurício. Fisicamente nos parecemos, mas o cabelo dele é estragado e o meu é bonitinho.
Quais são seus ídolos?
Drogba, Ronaldo, Adriano e Vagner Love. Com esses dois últimos trabalhei no Flamengo e são pessoas bacanas. Quero ser um jogador mundialmente conhecido por coisas boas.
O Vanderlei tem feito elogios a você, mas também pega no seu pé. Como é o convívio com o novo treinador?
Ele conversa comigo e me dá calma para trabalhar. O Vanderlei é vitorioso e não deixa a peteca cair. Sempre quer mais na carreira, na vida, e tento assimilar isso da melhor forma. Quero melhorar para ajudar o Flamengo.
Na última semana a presidente Patrícia Amorim conversou com o seu empresário para renovar o contrato. Como está a negociação?
Teve uma reunião e minha prioridade é ficar no Flamengo, clube que eu amo e pretendo jogar a vida inteira. As conversas foram boas e até o fim da semana tudo será resolvido.
Diego Maurício se inspira na ousadia de Shaq e outros astros da NBA
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