sábado, 21 de agosto de 2010

Cielo fica com a prata nos 50m livre: 'O 2º lugar é uma derrota para mim'

Cesar Cielo tentou, porém não conseguiu cumprir a promessa. Depois do bronze nos 100m livre do Pan-Pacífico, ele, acostumado às vitórias, disse que não queria mais subir em um pódio se não fosse para ocupar o lugar mais alto. Resolveu, então, descansar e se concentrar. Neste sábado, nadou a final de sua prova preferida, os 50m livre em 21s57. Ficou olhando o placar, descrédulo. Por dois centésimos, teve de se contentar em pôr no peito a prata. O ouro foi para o americano Adrian Nathan, com 21s55. O brasileiro Bruno Fratus surpreendeu ao terminar em quarto.

- O segundo lugar é uma derrota para mim, sinceramente. Não tem outra explicação. Não estava esperando isso - disse.

natação cesar cielo pan-pacífico

Cesar Cielo é superado na final dos 50m livre no Pan-Pacífico

Cielo não igualou seu melhor tempo na temporada (21s55). Tampouco chegou perto de seu maior adversário: o tempo de 21s36, obtido pelo francês Fred Bousquet. A marca, melhor ano, melhor da era sem os supermaiôs, vai continuar em seu papel como a meta a ser perseguida, braçada a braçada.

O brasileiro levantou-se cedo neste sábado, último dia de provas no complexo William Woollett Jr., na pequena e pacata Irvine. Fez 21s64 nas eliminatórias e quebrou, por 20 centésimos, o antigo recorde do campeonato, que estava em poder do americano Cullen Jones.

Os 21s64, porém, significavam mais. Foi com essa marca, em 2000, que o russo Alexander Popov quebrou o último recorde mundial antes dos supermaiôs. Um recorde que, mesmo batido, manteve-se como um dos mais importantes da história. E que, em janeiro deste ano, com a proibição dos supertrajes, emergiu do fundo das piscinas, deixando o de Cielo – 20s91, no Mundial de Roma (2009) - apenas como lembrança de um tempo onde a tecnologia falava mais alto.

Sem maiô, todos voltaram a condições semelhantes à de Popov, e a marca do russo nos 50m passou a ser perseguida. O primeiro a riscá-la foi justamente Cielo, no Paris Open, em junho, com 21s55. No início de agosto, Fred Bousquet, companheiro do brasileiro em Auburn, nadou ainda mais rápido. Duas vezes. Fez 21s36 nas eliminatórias do Europeu de natação. Depois, 21s49 para faturar o ouro.

Durante toda a semana, a pressão sobre Cielo era grande. Uma pressão imposta por ele mesmo. O maior nadador da história do Brasil queria mais. E, assim como os tapas que dá em seu peito antes das provas, punia-se psicologicamente pelo “fracasso” nos 100m.

Neste sábado, porém, ele dizia estar tranqüilo. Tinha certeza da vitória. Os sete nadadores que dividiam com ele a piscina na final dos 50m não o preocupavam. O adversário real estava escrito em um pedaço de papel. Os tais 21s36 de Fred Bousquet.

De touca dourada e bermuda, na raia quatro, largou em primeiro e chegou em segundo. O americano Adrian arrancou na última parte da piscina e garantiu o ouro. Bruno Fratus terminou em quarto, com 21s93, atrás do canadense Brent Hayden (21s89).

Foi a terceira medalha de Cielo no Pan-Pacífico. Além do bronze nos 100m livre, ele tinha conquistado, no primeiro dia da competição, o ouro nos 50m borboleta.

- Está faltando um pouco de treino. O final da prova está pesando muito. Estou forte, rápido, mas está durando pouco. Tenho que ver o vídeo para entender o que deu errado. A competição não está sendo muito boa para mim. E para o adversário é a melhor da vida deles. Agora, é olhar o que precisa fazer para melhorar e esperar por resultados melhores no ano que vem - disse Cielo.

Nos 50m livre feminino, a americana Jessica Hardy levou o ouro ao estabelecer 24s63, novo recorde do campeonato. Amanda Weir, com 24s70, garantiu a dobradinha americana. A brasileira Flavia Delaroli terminou em sétimo, com 25s36.

Nos 200m medley, Thiago pereira faturou o bronze. Nos 800m, os brasileiros não tiveram um bom resultado. Lucas Kanieski foi o 12° colocado (8m07s68) e Luiz Arapiraca terminou em 20° lugar (8m17s17). A prova foi vencida pelo canadense Ryan Cochrane (7m48s71), seguido pelo americano Chad La Tourette (7m51s62) e pelo japonês Takeshi Matsuda (7m51s87).

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