Segundo o relato do adolescente à polícia, Eliza foi estrangulada e esquartejada pelo ex-policial militar Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, em uma casa em Vespasiano (MG). Depois disso, partes de seu corpo teriam sido jogadas aos cães da casa onde foi morta, e outras partes concretadas. "Esquartejar uma pessoa é muito complicado, desossar é pior ainda, pela forma como isso tem que ser feito, pela quantidade de sangue no local, nas roupas, além de vestígios de ossos, cabelo, e incrivelmente, por mais que se esforce, a polícia não consegue encontrar nada no local do crime apontado pelo jovem", disse Oliveira.
Na avaliação do criminalista, o caso se baseia no depoimento do jovem e isso expõe a maior fragilidade das investigações. "Uma coisa que pode ser favorável ao Bruno é o fato do menor ser a peça chave de toda a investigação e da acusação dos demais envolvidos (...) A todo o momento ele muda seu depoimento, disse que o Bruno estava no local do crime, mas depois desmentiu. Isso começa a mostrar a fragilidade desse relato", disse.
Em coletiva concedida na sexta-feira, o delegado Edson Moreira afirmou que o depoimento do jovem é "contundente e tem lastro". Um exemplo usado por ele é o caminho feito pelos suspeitos do sítio de Bruno, em Esmeraldas, até a casa de Bola. "Ele descreveu com detalhes o trajeto (...) Descreveu de forma precisa os cômodos da casa. (...) Quem descreve o local, a casa, da maneira como foi, reconhecendo a fotografia do Bola inclusive, não tem jeito de ser um depoimento inverídico. Ninguém tem condições de inventar uma história mirabolantes daquela".
De acordo com o adolescente, Bruno não tinha conhecimento do sequestro, nem da morte de Eliza, e não estava no local do crime. Filho diz que, com base nisso, a defesa do atleta poderia reforçar a tese do "excesso de mandato". "O Bruno, que exerceria um fascínio sobre Macarrão e os demais, pode ter dito para eles: 'dêem um susto nela, uns tapas', e eles podem ter se excedido, ultrapassando o que ele mandou ser feito (...) ele pode alegar que não mandou matar Eliza".
Nessa semana, em entrevista ao Jornal do Terra, o perito George Sanguinetti, médico que a defesa do goleiro Bruno quer contratar para uma investigação particular, afirmou que "não há, até o momento, uma ordem direta do jogador para matar Eliza". "Bruno não teria dito claramente 'mate, execute', e sim 'resolva ao problema'", afirmou o perito, que também defende uma busca mais precisa por resíduos na casa de Bola.
Filho acredita que o caso poderá ir à júri popular, mesmo sem corpo, mas se houver qualquer dúvida durante o julgamento, os réus podem ser absolvidos. "Frágil o caso não é, mas começa a ficar mais evidente que há problemas. Bruno pode alegar que não mandou matar Eliza. E se o depoimento do adolescente for desmoralizado?", questionou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário