Trancados no vestiário, os jogadores do Flamengo tentavam se recuperar do susto após a invasão da quadra ao término do jogo contra o Brasília. A porta, guardada por policiais, foi aberta para que alguns integrantes da equipe carregassem o supervisor do time, André Guimarães, até a ambulância. Minutos antes, ele reclamava por ter sido atingido por cassetetes na barriga e por gás de pimenta no rosto, usado para conter a grande confusão que se instalou na quadra. Após um desmaio, devido à falta de ar, ele foi levado para um hospital. Enquanto isso, Marcelinho gritava descontrolado pelo corredor.
- Que p... é essa?! Vai jogar no Rio e é bem tratado. Isso é sacanagem! Jogou melhor e mereceu ganhar. A gente tomou spray da polícia. Polícia do c...! Olha o estado que o cara ficou! Agora eu quero ver a Liga trabalhar. Eu quero ver! - gritava o capitão do time. - A gente vive um momento de reestruturação com o NBB. Isso não existe. Isso é coisa de basquete de 1970, quando se tinha medo de jogar e vencer numa cidade do interior. Polícia em vez de entrar para tirar torcedor e não jogar spray em jogador. Se não tem condições de dar segurança, que não permita a partida porque a gente tem que jogar e voltar para as nossas famílias.
O pivô Wagner também guardará marcas da confusão. Ele foi atingido por uma lata na cabeça e saiu do ginásio precisando de pontos na região atingida. Jefferson tentou explicar o que aconteceu.
- O Hélio estava saindo e um torcedor o xingou, cuspiu e foi para cima dele. O Wagner viu e foi proteger. Acabou tomando uma lata, que é contra o regulamento, na cabeça. A torcida invadiu a quadra com a liberação do diretor do Brasília, como muitas pessoas viram – afirmou o ala.
Jorge Bastos, o dirigente em questão, lamentou o episódio que manchou a partida vencida pela equipe da casa. Disse que isso nunca havia acontecido, que é preciso mais segurança, mas não acredita que seja motivo para que seja perdido o mando de quadra no quinto jogo, caso necessário. O presidente da LNB, Kouros Monadjeni, disse que deverá ser tomada alguma atitude imediata.
- É lamentável. Não tem outra palavra parar descrever. Foi uma falha de segurança. Não vamos deixar que essa atitude estrague o espetáculo que aconteceu aqui. Vamos analisar o caso, o relatório do jogo, para que possamos chegar a uma conclusão para as próximas partidas dessa final - afirmou Kouros, ressaltando que num quinto confronto, eventualmente a LNB poderia assumir o controle da segurança.
Apesar das reclamações dos jogadores do Flamengo, a Polícia Militar do Distrito Federal nega que tenha havido falhas para controlar a situação.
- A Polícia Militar não massacrou ninguém. O que fizemos foi o uso diferenciado de força com spray de pimenta na tentativa de separar jogadores de torcedores. Não chegou a ser falha de segurança. Isso não é uma situação corriqueira aqui. Num evento com mais de 20 mil pessoas não se pode ter controle quando os torcedores não têm educação – disse o tenente Marcelo Santos.
O Flamengo não quis saber de desculpas. Antes da saída do ônibus da delegação, o diretor de basquete, Arnaldo Szpirro, disse que iria registrar a ocorrência. Mas também ressaltou que a equipe de Brasília não deve temer por sua segurança no próximo jogo, na Arena da Barra.
- Fomos massacrados. Mas não vai acontecer nada lá no Rio. O Flamengo é muito maior do que isso. Eles vão ter total segurança.
Pouco antes de ser levado para o hospital, André Guimarães endossava as palavras do dirigente.
- Eu, como organizador, sempre fazem recomendações para que a segurança esteja em primeiro lugar. O que não pode são 300 pessoas invadirem uma quadra tacando latas, armação de ferro e cuspindo. A polícia não pode entrar batendo. Os jogadores se respeitam, mas a torcida não teve educação.
Do lado do Brasília, o técnico Lula Ferreira se diz tranquilo para o próximo confronto.
- Sabemos que o cuidado vai ser redobrado depois disso tudo. A obrigação é ter a cabeça no lugar. Isso está acima de vitória ou derrota. Não acredito que possamos perder o mando de quadra, caso haja o quinto jogo. É preciso ver com a LNB vai enxergar. Estamos num momento de reerguer o basquete e o jogo foi bem jogado – disse.
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