quinta-feira, 15 de abril de 2010

Patrícia Amorim sobre a Taça das Bolinhas: 'A briga apenas começou'

A decisão da CBF de dar a Taça de Bolinhas para o São Paulo foi duramente criticada pela presidente Patrícia Amorim na entrevista coletiva realizada na Gávea na manhã desta quinta-feira. Munida de documentos do Clube dos 13 de diferentes épocas, ela disse que o Flamengo está preparado para enfrentar uma briga jurídica e política para provar que o título do Brasileiro de 1987 foi conquistado dentro de campo.

- O Flamengo vai apresentar esses documentos. Nós buscamos o que nós julgamos necessário para que o título seja reconhecido. A briga apenas começou. Confio no nosso departamento jurídico e na possibilidade de reverter essa situação – disse Patrícia.

A dirigente também afirmou que a decisão da CBF foi divulgada em momento inoportuno e que tudo leva a crer que tenha sido uma espécie de retaliação ao Flamengo, que apoiou Fábio Koff nas eleições do Clube dos 13, esta semana. Ricardo Teixeira apoiou Kléber Leite, ex-presidente rubro-negro e que também estava ao lado de Marcio Braga, antecessor de Patrícia. Ela também repudiou a pressão que os dois fizeram no processo eleitoral.

- Quero dizer que o Flamengo considera uma covardia, uma atitude intempestiva e inoportuna da CBF ter feito esse pronunciamento ontem (quarta-feira). Não quero acreditar, mas tudo me leva a acreditar que sim (que houve retaliação da CBF). Essas pessoas (Kléber e Marcio) causaram enorme desconforto ao Flamengo uma vez que o clube já havia se posicionado (a favor de Koff na eleição do Clube dos 13). Todos foram presidentes e deveriam saber que só quem deveria se posicionar em nome do clube é o presidente eleito – afirmou Patrícia, que também criticou a postura pessoal de Teixeira.

Na noite da última quarta-feira, o presidente da CBF disse que como dirigente o Flamengo era pentacampeão, mas como flamenguista ele o considerava hexa.

- Eu tenho posições firmes e gostaria de ver isso em todas as instituições. Querer jogar para a galera, francamente... - reclamou Patrícia.

Na última quarta-feira, Patrícia não quis se pronunciar sobre o caso pelo fato de o Flamengo enfrentar o Universidad Católica, no Chile.

- Para o Flamengo, é importante buscar vitórias, e o título de 87 foi em campo. As questões políticas nós tratamos internamente. É um título incontestável. Foi conquistado de forma guerreira pelos seus atletas. A não realização da partida final (entre Flamengo e Sport) foi uma determinação do Clube dos 13. Isso está claro nas atas e documentos, e o Flamengo acatou e espera que a CBF tenha a mesma sensibilidade – reforçou a presidente.

Ela promete encaminhar à CBF esses documentos assinados pelo presidente do Clube dos 13, Fábio Koff: a ata da reunião de 88, que reconhece o Flamengo e Internacional como campeão e vice-campeão daquele ano, sem necessidade de cruzamento com Sport e Guarani; a ata da reunião extraordinária de 97, determinando que os dois clubes (Flamengo e Sport) não precisavam ter se enfrentado e que, portanto, são os campeões de 87; e o ofício de 2007, reforçando a decisão da reunião de 1997.

Esses documentos, segundo o Flamengo, não constam no parecer jurídico dado pela CBF nos últimos dias, determinando que o Sport foi o campeão do Brasileiro de 1987.

- Se a CBF os recebeu é muito estranho que não faça menção no parecer. O Flamengo está fazendo um pedido de reconsideração da decisão que entende que o Sport é o campeão de 87 – disse o advogado Michel Asseff Filho.

O vice jurídico rubro-negro, Rafael de Piro, prometeu maiores medidas caso o impasse continue acontecendo na esfera esportiva, não descartando uma briga na Justiça Comum.


- Se for preciso, o Flamengo vai até as últimas conseqüências – disse Rafael.

Patrícia disse ainda que aceitaria dividir o título de 1987 com o Sport. Mas a Taça de Bolinhas, segundo ela, é do Flamengo.

- Dividir o título com o Sport, sim. Mas a Taça (de Bolinhas) é de quem a conquistou primeiro - afirmou a dirigente, que evitou criticar a postura do São Paulo em meio à polêmica da Taça de Bolinhas.

Afinal, o presidente do clube paulista, Juvenal Juvêncio, também ocupava o cargo em 1987 e assinou a ata da reunião de 88 reconhecendo que o Flamengo não precisaria enfrentar o Sport. O São Paulo também apoiou Fábio Koff na eleição do Clube dos 13.

- O São Paulo está em uma situação bem mais confortável que a nossa e o Flamengo vai brigar pelos seus interesses de uma forma correta. Quero é enaltecer a declaração do presidente do Sport (Sílvio Guimarães) que disse que não faria festa e que achava a decisão inoportuna e que seria uma retaliação da CBF - afirmou Patrícia.

O presidente do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, convidou Teixeira a comparecer ao Flamengo em 30 dias para esclarecer todos estes fatos. Segundo ele, o estatuto rubro-negro não permite que um sócio vá contra os interesses do clube. O dirigente estuda a possibilidade de pedir a exclusão de Teixeira do quadro de beneméritos caso ele não compareça.

Um grupo de torcedores do Flamengo estão organizando um protesto, às 16h (horário de Brasília) de segunda-feira, contra Ricardo Teixeira, em frente à sede da CBF na Barra da Tijuca. A manifestação pode incluir um enterro simbólico do dirigente.

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