É impossível deixar de atribuir um grande favoritismo ao atual tricampeão estadual e campeão brasileiro, que já mostrou poder de decisão em diversas ocasiões, inclusive contra o próprio adversário da final da Taça Rio, e é indubitavelmente superior em termos técnicos.
Porém, mais do que os problemas internos na Gávea que costumam ser superados em finais e jogos importantes, o que fortalece o Botafogo é a chance de definir o campeonato em uma única partida e a presença do vencedor e experiente Joel Santana no comando técnico. Mais que isso, existe uma grande probabilidade da principal e única, jogada ofensiva da equipe novamente dar certo, como aconteceu na semifinal da Taça Guanabara, por um equívoco na escalação do arquirrival.
Contra Loco Abreu, o gigante de 1,93 metro de altura que fica como referência para os inúmeros cruzamentos alvinegros e funciona tanto como finalizador como preparador, escalar Ronaldo Angelim - 1,77 metro e que falhou seguidamente no jogo aéreo na derrota para o Universidad Católica por 2 a 0 pela Libertadores, e deixar Fabrício, de 1,86 metro na reserva soa como uma decisão temerária de Andrade.
Não à toa, Joel Santana retorna com Marcelo Cordeiro no lugar de Somália e deve escalar o canhoto Renato Cajá no meio-campo. Certamente para cruzar bolas pela esquerda buscando Abreu entre Angelim e Rodrigo Alvim, que marca melhor e é mais alto que Juan, mas não tem o devido entrosamento com a retaguarda titular. A alternativa também é interessante para prender um pouco Léo Moura, que será a melhor opção rubro-negra pelos lados do campo.
A grande chance do Flamengo em termos técnicos e táticos é contar com uma tarde inspirada de sua dupla de ataque, responsável por 24 dos 45 gols da equipe. Nos últimos duelos, Love e Adriano levaram ampla vantagem sobre o limitado trio de zaga alvinegro e só não marcou mais do que os dois gols do Imperador na fase de grupos do returno porque Jefferson impediu com boas defesas e Love perdeu várias chances, especialmente na Taça GB.
O problema será fazer a bola chegar, já que o mais provável é que Andrade mande novamente a campo um meio-campo com três volantes – Maldonado mais plantado, quase como um terceiro zagueiro - e apenas Michael na articulação. Joel deve colar Leandro Guerreiro, seu melhor marcador, no meia de ligação e tentar asfixiar a criação rubro-negra.
Caio e Vinícius Pacheco são opções interessantes para mudar a cara da partida no segundo tempo pelo bom entendimento com as duplas de ataque e também pelo ritmo veloz que imprimem ao jogo.
É óbvio que tudo pode mudar com um gol do Flamengo logo no início, já que o trauma do Bota pelas derrotas recentes em finais não pode ser desconsiderado. A vantagem psicológica do atual tricampeão é inegável, mas o Botafogo do futebol “rústico” que dá certo e leva o time muito mais longe do que podia se imaginar nunca pareceu tão preparado para levantar a taça desejada pela sofrida e supersticiosa torcida que confia em Joel para bisar o feito de 1997, mas desta vez sem final.
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