sábado, 5 de dezembro de 2009

Parte dos ingressos do jogo Fla X Grêmio foi desviada para cambistas, diz polícia

Torcedores do Flamengo viveram esta semana momentos de tensão tentando ingresso para o jogo deste domingo (6). Muitos não conseguiram. Segundo a polícia, parte dos ingressos foi desviada para ser vendida por cambistas.

Fulvio Silva do Nascimento, gerente da BWA, empresa que confecciona e vende ingressos dentro do Maracanã, foi preso neste sábado (5). O irmão do gerente, Fagner do Nascimento, supervisor da empresa, e mais quatro funcionários também foram detidos.

De acordo com agentes, eles compravam entradas antes que elas chegassem às bilheterias e repassavam para cambistas com preço muito acima do valor real. Quatro cambistas também estão na cadeia, um deles é guarda municipal.

O grupo ainda vendia bilhetes de meia-entrada para qualquer torcedor, independentemente da idade, que passavam pelas roletas sem ser importunados.

Também havia o esquema chamado fura-fila. Bilheteiros e funcionários que costumam organizar a fila de venda de ingressos facilitavam a chegada dos cambistas aos guichês, que segundo as investigações, compravam, no mínimo, dez ingressos de cada vez.

Foi assim que cambistas agiram na quarta-feira (2), dia da venda dos últimos ingressos para o jogo de domingo (6) entre Flamengo e Grêmio. Nem precisaram passar noites na fila, nem precisaram enfrentar tumulto, correria e gás lacrimogêneo.

Para o jogo Flamengo e Grêmio foram postos à venda 76 mil ingressos. A polícia afirma que 20% foram desviados pela quadrilha, um total de 15,2 mil. Bilhetes que podem ter sido vendidos com ágio de até 500% e ter gerado um lucro de R$ 4,5 milhões, é o que revelaram as investigações.

Na operação da manhã desse sábado, os policiais estiveram no escritório da BWA no Maracanã, que teve que ser aberto por um chaveiro. Oito mil ingressos foram apreendidos.

“A gente acredita que esses ingressos estariam fazendo parte do esquema montado por essa empresa. Eles estariam retardando a venda desses ingressos para poder lucrar mais, quanto mais próximo do jogo, maior o preço do ingresso, obviamente maior o lucro”, explica o delegado Rodrigo Oliveira.

A empresa BWA e o Flamengo informaram que esses bilhetes estavam reservados para serem distribuídos entre crianças, idosos e deficientes, que, por lei, podem entrar de graça no estádio. No Maracanã, por exemplo, segundo a direção do clube, há duas catracas para receber esse público na hora da abertura dos portões. O Tribunal de Justiça determinou que a polícia devolva os ingressos e fiscalize a distribuição de graça no domingo (6).

A direção da BWA, que fica em São Paulo, informou que vai colaborar com as investigações da polícia. Os presos ainda estão prestando depoimento e a polícia não divulgou a defesa deles.


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