Eram 15h30 quando o estudante Rudinei Soares, 24 anos, agarrou dois ingressos de cadeira amarela, ajoelhou-se em frente à bilheteria 8 do Maracanã e gritou: – Consegui! Nem acredito! Vou realizar o sonho de ver o Mengão ser campeão brasileiro.
Na fila desde 6h30, ele era um dos milhares de rubro-negros que se aglomeraram ontem nas bilheterias para garantir entrada para a partida contra o Grêmio, no dia 6 de dezembro, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Confiantes de que a partida será para coroar o título, os rubro-negros esgotaram à noite todos os 67.959 ingressos disponíveis.
Em todos os pontos de venda, filas quilométricas e confusão sob um sol escaldante de 35 graus. A maior concentração foi no Maracanã, onde a fila chegou a dois quilômetros. Nada que abalasse a confiança em vermelho e preto.
– Cheguei aqui às 7h30. Recusei um trabalho de pintura e briguei com a mulher porque tinha que cuidar da minha filha, mas não me arrependo. Não tenho dúvida de que sairemos daqui com o título no último jogo – falou o pintor Celestino Mendes Antunes, 29 anos, morador de Nova Iguaçu, que comprou entradas para o filho e um irmão.
Na Gávea, a demora na fila gerou revolta. Eram somente três bilheterias para atender uma multidão. De manhã, houve confusão quando jovens tentaram furar a fila. Duas viaturas da Polícia Militar ajudaram a conter os ânimos. Bombeiros foram chamados para socorrer um homem que passou mal. A estudante de Direito Carla Siqueira, 21 anos, estava conformada com o chá de banco, literalmente. Ela levou um banquinho de acampamento e aproveitou o tempo para ler um polígrafo da faculdade. Difícil foi encontrar concentração em meio à gritaria.
– Todo jogo grande é esse mesmo tumulto. Já sei como é. Infelizmente, o jeito é esperar. Bom que a torcida do Flamengo é animada – observou.
Para se proteger do calor, o vendedor Tadeu Bruno Mendes, 28 anos, levou um guarda-sol de praia e um isopor com cerveja para a fila.
– A final do campeonato começou hoje. É só esperar as duas últimas rodadas para explodir – disse, ainda animado, após cinco horas na fila.
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