sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Emerson não tira Flamengo da lembrança: ‘Se eu receber um telefonema, balanço’

Emerson está feliz nos Emirados Árabes. Mas basta ouvir o nome Flamengo que os olhos brilham, arregalam. A intensa passagem dele no clube, entre março e agosto deste ano, deixou feridas.

Ao abrir mão do sonho de jogar no clube do coração para voltar ao Oriente Médio e garantir o futuro da família, teve de pesar entre a emoção e a razão. Venceu a racionalidade.

Eduardo Peixoto/GLOBOESPORTE.COM

Emerson mostra a vista de seu apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro

Os seis gols em cinco jogos no Al-Ain o alçaram ao posto de ídolo da equipe. Tanto que recebeu dois presentes nada singelos do dono da equipe.

- Ganhei dois carros, é verdade. Mas foram presentes. Um deles (modelo esportivo avaliado em R$ 600 mil) foi pelo que fiz na decisão da Supercopa, quando fiz dois gols. É bom frisar que jamais gastaria tal valor em um carro – disse o Sheik.

Entre uma sessão e outra de fisioterapia na clínica Corpo Vivo, que pertence a integrantes da comissão técnica do Flamengo, Emerson recebeu a reportagem do GLOBOESPORTE.COM no apartamento dele, na Barra da Tijuca.

Diferença Qatar x Emirados

“Em Doha a religião é mais presente. Bebida alcoólica, por exemplo, não é vendida em lugar algum. Já o Emirados está mil anos à frente, é coisa de outro mundo".

Flamengo no Oriente Médio

“Toda hora encontro um rubro-negro. Recentemente, o governo contratou 120 brasileiros para ensinar jiu jitsu nas escolas. Setenta deles são do Rio. Aí já viu, né? Toda hora vem um flamenguista me agradecer, pedir para eu voltar”.

Início avassalador no Al-Ain

"Sou um cara de sorte, né? (risos) Logo na estreia, fiz dois gols e bati o pênalti que garantiu o título. Mas eu já cheguei lá bastante conhecido por causa da minha trajetória no Qatar. É tudo muito pertinho".

Poliglota em campo

"Até sei falar árabe, mas prefiro o inglês. Em campo, porém, é uma confusão só. Falo português com o Valdivia, espanhol com o (argentino) Sand, inglês com meu técnico alemão e árabe com os jogadores locais".

Saída do Flamengo
"Cheguei ao Flamengo com um contrato de risco, por quatro meses. Estava há algum tempo sem jogar e topei. Até porque sabia que o mercado dos Emirados só abriria em agosto. Mas foi tudo tão bom, tudo tão feliz que renovei o contrato por dois anos, com a opção de mais dois. A ideia, em momento algum, era ir embora. Mas a proposta veio muito forte, muito mesmo. A vida é uma caixinha de surpresas e tive que ir".

Coração de pai
"Quem mais sentiu essa saída foi meu filho Emerson Júnior, de cinco anos. Ele estava se acostumando à escola no Rio, onde todo mundo falava a língua dele, tinham os amiguinhos. E lá nos Emirados é tudo diferente. A professora usa burka. No início, ele teve medo e depois passou a rir da vestimenta dela. Eu sempre convivi com a saudade do meu país, mas ver meu filho triste é complicado. Por isso, quando eu retornar para Dubai levarei uma professora para continuar a alfabetização dele em português".

Campeão brasileiro

"À distância, acompanho o time na internet e pela Globo Internacional. Domingo, vou ao Maracanã (assistir ao jogo contra o Goiás). Não sei se vão lembrar de mim, mas estou muito feliz por ver essa possibilidade de o time ser campeão após 17 anos de jejum. Tenho muitos amigos e o Andrade é uma das melhores pessoas com quem já trabalhei no futebol. Quero muito colocar na minha sala: campeão brasileiro de 2009. Inshallah (Se Deus quiser), vou conseguir".

Retorno ao Brasil

"Hoje eu penso em voltar. Há o exemplo do Adriano, que largou o mundo na Itália para jogar no Flamengo. Tenho uma oportunidade boa para garantir o futuro dos meus filhos e de outras pessoas que precisam de mim. Estou feliz lá, claro. Mas estaria mais aqui".

Reforço para a Libertadores

"Acabei de sair. Mas se eu receber um telefonema, vou balançar. A Libertadores seria um atrativo a mais. E para voltar ao Brasil, não consigo pensar em outro clube que não seja o Flamengo".

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